Moda no litoral, retrofit faz dobrar preço de imóveis

Prédios de décadas em Santos, Guarujá e São Vicente apostam em obras para ganhar linhas retas, cores claras e paredes de vidro

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Por Adriana Ferraz
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Sinais da maresia estão sumindo dos prédios da Baixada Santista. Cada vez mais comuns, projetos de reformas de estrutura e fachada começam a mudar a cara das construções da orla. O fenômeno é observado em cidades como Santos, Guarujá e São Vicente, onde placas de empreiteiras anunciam a repaginação aos visitantes. Aos poucos, condomínios na casa dos 40 anos ganham aspecto contemporâneo, com linhas retas, cores claras e paredes de vidro. O investimento faz dobrar o valor do imóvel.A onda de retrofit passa quase que obrigatoriamente pela troca de revestimento da fachada. Muito usada no litoral, a pastilha de cerâmica exige substituição constante e limpeza. Mas o que poderia ser apenas manutenção acaba muitas vezes levando a um pacote de obras que inclui melhorias estruturais. Além da nova estética, construções ganham piscina, academia, vagas de garagem e segurança reforçada. O investimento é uma resposta ao boom imobiliário, que produz unidades avaliadas em mais de R$ 1 milhão com todas as mordomias exigidas atualmente pelo mercado. "Os prédios usados não querem ficar para trás e acabam projetando uma verdadeira repaginação. Em Santos, o volume de obras desse tipo já deixou a orla e avançou para os bairros", diz o engenheiro João Batista de Azevedo, dono da construtora Engecon, que tem 25 prédios em reforma na Baixada.Exemplo. Na Praia das Astúrias, no Guarujá, o Edifício Piquiu exemplifica o processo de mudança na orla. Toda a parede lateral do prédio já está "rejuvenescida", com pastilhas mais largas na cor branca, em substituição aos modelos anteriores, menores e verdes. A fachada é a próxima da fila. Em seguida, a construção de cerca de 50 anos vai receber piscina e guarita nova, para não destoar do visual dos prédios vizinhos.O projeto segue o modelo de sucesso adotado pelo Edifício Tocantins, na Praia de Pitangueiras. Quem passa na porta nem desconfia que a construção tem mais de 40 anos. Com o hall todo modernizado, jardim planejado e varandas protegidas por paredes de vidro, parece ter sido lançado há poucos meses. "Foram muitas as melhorias, que fazem valer ainda mais a pena morar aqui", diz a aposentada Neuza Foggetti. Depois da obra, o valor do apartamento de 243 m² passou de R$ 680 mil para R$ 1,2 milhão. Já o investimento não é revelado pelos moradores por "questão de segurança". O rateio é feito no condomínio, que chega a triplicar de preço.

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