Mocidade Alegre é destaque em segundo dia de desfiles

Confusão em apresentação da primeira escola, com passista expulsa, e queda de integrante da última agremiação marcaram encerramento dos desfiles do grupo especial

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Por Luiz Fernando Toledo e PAULA FELIX E RAFAEL ITALIANI
Atualização:

SÃO PAULO - Passista agredida e expulsa do desfile, integrante que caiu do carro e ficou gravemente ferido e até suposta agressão cometida pelo presidente de uma agremiação.Esse foi cenário da segunda noite de desfiles do Grupo Especial do carnaval de São Paulo noSambódromo do Anhembi, na zona norte.

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A X-9 Paulistana precisou tirar o segundo carro da avenida após a queda de um integrante, de uma altura de sete metros. Ele foi socorrido por uma ambulância. Além disso, a escola teve uma série de problemas com as alegorias ao longo do desfile - uma delas precisou ser retirada após falha no eixo. 

Uma suposta agressão cometida pelo presidente da Vai-Vai, Darly Silva, o Neguitão, está sendo apurada, segundo a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo. Se confirmada, a agremiação pode perder três pontos. A assessoria da escola informou que ainda não tem um posicionamento sobre o caso. 

Outro problema foi registrado logo no início da noite: a modelo dos protestos contra a presidente Dilma Rousseff (PT), Juliana Isen, foi impedida de desfilar com um tapa-sexo com a imagem da presidente e acabou sendo expulsa a pontapés do desfile após tirar a roupa, em repúdio. Ela desfilava na apresentação da escola Unidos do Peruche."Me senti humilhada e estou saindo ferida. Vou processar essa escola", disse a modelo.A escola pode perder pontos na apuração nos quesitos evolução e fantasia. 

O presidente da agremiação, Sidney de Moraes, o Ney, justificou a ação do integrante da escola. "Ela não estava com a vestimenta legal. Em cima disso nós acabamos perdendoponto. Nossos harmonias estão praticamente cientes disso eacabaram tirando (a integrante). Só que por parte do folião, ela quis permanecer. A gente deu afantasia, doamos. Ela simplesmente não quis sair. Isso não é legal", disse. 

Temas. O Unidos do Peruchecomemorou em seu espetáculo o centenário do samba e usou seu tempo para contar a história do mais tradicional ritmo brasileiro. O desfile teve, em um dos setores, tom de protesto. A agremiação incluiu em sua apresentação uma ala teatral que mostrará os sambistas sendo perseguidos pela polícia. 

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Para explorar o universo dos mistérios, a Império de Casa Verde apostou em um desfile visual, com fantasias trabalhadas e carros luxuosos. O grupo surpreendeu o público com um abre-alas imponente, que carregava o tigre, símbolo da escola. O equipamento tem 75 metros de comprimento e 15 metros de altura. 

A bateria investiu em paradinhas que casavam com o samba-enredo. No trecho que falava "bate forte coração", foram simuladas batidas do órgão. O desfile foi a estreia do carnavalesco Jorge Freitas, ex-Rosas de Ouro, na agremiação. "Hoje, o carnaval de São Paulo tem uma potência chamada Império de Casa Verde, que fez um grande carnaval."

Já a Acadêmicos do Tucuruvi, terceira a se apresentar, fez uso do recorrente tema da religião no Brasil, sem novidades. Com o enredo “Celebrando a Religiosidade: Tucuruvi canta Festas de Fé”, trouxe uma comissão de frente que mostrou índios sendo catequizados por jesuítas. 

O segundo carro fez homenagem a Iemanjá, com 30 mulheres girando seus vestidos de filhas de santo agradecendo à rainha do mar.Na sequência, referências a diversas festas religiosas do País."Vai meu samba e me leva a viajar / Na luz desse povo festeiro / Acreditar pra ser feliz / A hora é essa, sou Tucuruvi", cantaram os integrantes do grupo. 

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A Dragões da Real apostou nos presentes como tema de seu enredo. Para abordá-lo, ninguém menos do que o Papai Noel como protagonista do abre-alas. Em sua casa, o "bom velhinho" samba ao lado dos presentes, que ganham vida. Uma boneca, um soldado verde, um robô e um urso animam o público, que cantou com facilidade o samba-enredo.

A Mocidade teria feito um desfile de campeã se não fossem os buracos deixados nos últimos setores da escola, causados por um carro alegórico com problemas mecânicos. Ficou claro que a agremiação correu na avenida para tapar os espaços em branco. Apesar dos problemas, a Morada do Samba mostrou um samba-enredo fácil de cantar e conquistou o público. A bateria fez uma série de paradinhas ao longo do desfile, mostrando que a arquibancada sabia a letra da música. Foi o desfile mais emocionante da noite. 

Composta basicamente de pessoas da comunidade, deixando o característico cheiro de arruda na avenida, foi uma das escolas que mais mostrou a interação entre foliões e escola: sobrou animação e nenhuma das alas deixou de cantar o samba-enredo.

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A Vai-Vai fez um desfile elegante, cheio de referências histórias, fantasias luxuosas e alegorias vibrantes. A escola também brincou com os sentidos do público do Anhembi e teve um carro alegórico que cruzou a avenida borrifando perfume francês. A bateria, que vestia as cores da bandeira do país, ousou ao fazer uma coreografia que misturava dança e corrida para entrar no recuo

"O Brasil está de braços abertos para a França. Estamos sendo homenageados pela melhor escola de São Paulo. É uma honra e um prazer", disse o cônsul-geral da França em São Paulo, Damien Loras.