
12 de fevereiro de 2011 | 00h00
Depois dessas notáveis performances, transformou-se em uma das candidatas preferenciais ao cargo de regente titular da Osesp, que há bastante tempo busca uma alternativa para o desmotivado Tortelier. Sua nomeação como regente titular da Osesp, portanto, era mais ou menos lógica. É escolha acertada, desde que se redesenhe o papel efetivo do cargo de maestro titular.
Esta ex-aluna de Bernstein e sua fã confessa venceu preconceitos de gênero - foi a primeira mulher a assumir a direção de uma grande sinfônica nos EUA - e faz questão de utilizar todas as ferramentas possíveis para ligar a música com o dia a dia das pessoas e com a cidade que abriga as orquestras que dirige. Uma de suas declarações que mais me impressionaram quando ela aqui esteve em 2010 foi: "É preciso ser relevante; e isso não é fácil quando se lida com gente morta, que criou cem anos atrás." Ela se refere ao repertório básico de uma sinfônica, girando sempre em torno da música de até um século atrás. Mas também enfatiza a música viva, contemporânea. E vai fundo nos programas para a cidade. Em Baltimore, instituiu projetos para crianças de áreas carentes, atraiu músicos amadores para pisarem por uma noite no palco do teatro da cidade e serem regidos por ela. Também não esqueceu os fogos de artifício que mantêm o grande público ligado em sua orquestra: o repertório tradicional a cargo das estrelas internacionais.
Para a Osesp, é uma grande sacada trazer alguém que só acredita na música se esta chegar contextualizada ao público. O problema é que ela é hoje uma das mais requisitadas regentes na cena internacional. Titular da Orquestra de Baltimore, nos EUA, rege também intensamente em Londres e nas maiores orquestras de seu país; grava muito para Naxos e Decca e tem agenda bastante congestionada. Terá tempo na agenda internacional e espaço estratégico interno na organização da orquestra para pôr em prática os métodos que a transformaram em uma das grandes regentes da atualidade? Tomara que sim.
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