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Ministro diz que situação 'de terror' nos presídios é que leva à violência em SP

José Eduardo Cardozo voltou a dizer nessa quarta-feira, 14, que é preferível morrer a cumprir pena no País

Por VANNILDO MENDES/ BRASÍLIA
Atualização:

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, voltou a dizer ontem que é preferível morrer a cumprir pena no País. E afirmou que a situação de violência em São Paulo e em outros Estados, como Santa Catarina, tem "tudo a ver" com a situação nos presídios. Em entrevista por videoconferência, a partir de Lima (Peru), onde estava em missão oficial, Cardozo foi categórico: "O terror (nos presídios) não resolve o problema da violência, só fortalece as organizações criminosas".No dia anterior, falando em um evento em São Paulo, Cardozo definiu o sistema penitenciário brasileiro como "medieval" e disse que "preferiria morrer" a ter de cumprir pena por longo tempo no País. Ele ressaltou que sempre se preocupou com a "situação deplorável" dos presídios, tanto que definiu essa como "uma prioridade" desde que assumiu o ministério.Cardozo lembrou que uma de suas primeiras ações, em 2011, foi fazer uma inspeção nos presídios do País, o que o deixou estarrecido. "A primeira constatação grave foi a violação sistemática de direitos humanos e a impossibilidade de reinserção social do preso", disse ele. "A situação é inaceitável em quase todos eles e alguns não têm condições de atendimento mínimo às pessoas", descreveu. "A violência que explode em São Paulo e outras regiões do País tem tudo a ver com o quadro degradante dos presídios", continuou o ministro. "Eu preferiria morrer do que cumprir pena em certos presídios, onde pessoas são amontoadas sem dignidade, vivendo em meio a fezes, sendo agredidas e sem direitos respeitados", reafirmou. "Acho mesmo que, nessas condições deploráveis, a pena de morte é mais branda. Há uma situação calamitosa em que detentos são massacrados por colegas."Em regra, segundo ele, os presos que entram no sistema carcerário nacional acabam cooptados pelas organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). "Muitas delas têm origem nas más condições do sistema. O preso entra amador e sai um criminoso organizado de alta periculosidade."Indagado sobre a responsabilidade do governo federal, que cuida de quatro penitenciárias, admitiu que "temos muito a fazer". "Não dá para tapar o sol com a peneira. O sistema prisional brasileiro é um problema sim, a situação é desumana".

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