‘Mini-Cerrado’ ressurge em praça da Pompeia

Com o objetivo de resgatar a história e as espécies originais da capital, artista plástica decidiu fazer intervenção ambiental na zona oeste

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Por e Monica Reolom
Atualização:

A vegetação original da capital paulista é quase desconhecida da população. Além de Mata Atlântica, a região já abrigou até campos cerrados, cujo nome serviu para batizar a cidade em 1554: São Paulo dos Campos de Piratininga. Com o objetivo de resgatar a história e as espécies que existiam há 461 anos, um artista plástico decidiu criar um “mini-Cerrado” em uma praça na Pompeia, zona oeste.

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“São Paulo perdeu a conexão completamente com a paisagem da cidade na época de (José de) Anchieta. Não conhece as plantas, não sabe reconhecê-las”, afirma o idealizador Daniel Caballero. “Temos hoje menos de 1% da vegetação de Cerrado no Estado que tínhamos originalmente. A intenção é fazer as pessoas entenderem que isso existe, e é importante, é urgente. São Paulo tem peso para propagar a ideia pelo País e atentar até para a destruição dessa vegetação no Centro-Oeste.”

Com a ajuda do grupo Ocupe e Abrace, Caballero está instalando um bioma do Cerrado em miniatura na Praça Homero Silva, rebatizada informalmente de Praça da Nascente. Voluntários, que se reúnem aos sábados pela manhã, também estão construindo uma trilha ao redor da vegetação que está sendo plantada ali, para que as espécies possam ser apreciadas pelos visitantes.

“A praça naturalmente trabalha com a educação ambiental, por causa das nascentes que existem aqui, e agora vai tratar de mais essa questão: da mata do Cerrado que está sendo extinta”, afirma Roberta Soares, integrante do Ocupe e Abrace.

Vestindo chapéu de explorador e botas de cano longo, o artista e botânico amador coleta pela cidade, em terrenos baldios e estacionamentos abandonados, plantas de nomes populares quase esquecidos atualmente: capim rabo-de-burro, vassourinha, sete capotes, macela-do-campo, assa-peixe, milho de grilo.

Imponência. A grande estrela do “mini-Cerrado” atende pelo nome de “elegante”. “Essa planta tem o início de seu crescimento rasteiro, meio sem graça, é pequena, mas depois, quando floresce, é a coisa mais linda, mais imponente. Acho ela muito simbólica”, diz Caballero.

Uma guabiroba, goiabinha amarela de casca lisa – abundante em 1554 e hoje praticamente extinta –, também foi plantada, além de um pé de araçá. “Alguns moradores mais velhos do bairro lembram de sua infância, quando essas plantas e frutas eram fáceis de encontrar nos quintais de terra”, afirma o artista plástico.

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Virada Sustentável. Quem quiser conhecer o projeto pode participar hoje do 7.º Festival da Praça da Nascente, que integra a programação da Virada Sustentável. Às 16 horas, Caballero vai dar uma palestra sobre “o Cerrado e as águas” – e vai apresentar a trilha aos visitantes.

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