Michael Jackson e Madonna

As estrelas estavam entre nós; Ali no Morumbi

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Por Juliana Ravelli
Atualização:
Rachel Perez. 'Chorei do começo ao fim' Foto: Hélvio Romero/Estadão

No início dos anos 1990, a aids assombrava o mundo. A Parada Gay demoraria alguns anos até ganhar as ruas da capital. E, apesar das conquistas desde 1960, a mulher brasileira ainda lutava para se desvencilhar da visão tradicional de seu papel na sociedade. Quando chegou para seu primeiro show no Brasil, em 1993, a já superstar Madonna era uma das poucas que colocavam o dedo na ferida. Falava sobre sexo, aids e homofobia nas apresentações.

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Foi assim, com audácia, que a turnê The Girlie Show tomou o Estádio do Morumbi, na zona sul, em 3 de novembro. Rachel Perez, de 42 anos, tinha 20 quando foi assistir à cantora, da qual era fã desde 1984. “Era uma quarta-feira. Cheguei de madrugada, às 4 horas. Fiquei o dia inteiro na fila. Nem fui trabalhar.”

Semanas antes de Madonna, nos dias 15 e 17 de outubro, o Morumbi recebeu outro superastro. Michael Jackson apresentou ali a turnê Dangerous World Tour para 200 mil pessoas. Foi sua segunda passagem pelo País; a primeira havia acontecido em 1974, com o Jackson 5.

A expectativa para a apresentação de Madonna era grande. Naquela época, os shows eram uma incógnita. Sem internet para pesquisar, era preciso vasculhar jornais e revistas – muitas importadas – para obter alguma informação. “Sabíamos só a roupa principal que ela iria usar, que estava de cabelo curtinho e os adereços de Vogue.”

À tarde, quando Rachel já estava no estádio, uma surpresa. “Entrou no palco uma mulher encapuzada, pequena, dando ordem para todo lado. Na hora, coloquei o binóculo e vi aquela mulher maravilhosa. Chorei do começo ao fim”, diz Rachel, que hoje integra o fã-clube e portal brasileiro Estilo Madonna.

O show começou às 21 horas; 86 mil pessoas viram, eufóricas, a apresentação que evocava os cabarés e os anos 1970. Madonna falou palavrões em português, cantou Garota de Ipanema em inglês e dedicou In This Life para dois amigos que haviam morrido de aids.

Paty Prudente, de 42 anos, saiu sozinha de Maceió para ver a estrela. “Cheguei um dia antes. Meu tio me levou ao estádio e esperou até do fim do lado de fora.” Para Paty, que coordena o fã-clube Minsane, entre os momentos mais marcantes estão a música Everybody, a última da apresentação, e a hora em que a cantora levantou sobre os ombros a camisa da seleção brasileira. “Chorei muito.”

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Além de Madonna e Michael, Queen, Kiss e Menudos já haviam passado pelo Morumbi. E a vocação para grandes shows continua. O último a se apresentar no estádio foi o Foo Fighters, na sexta-feira. / J.R.

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