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Metrô: sistema que reduz lotação atrasa

Prevista para 2010, operação com novo controlador de trens, que diminui o tempo de espera, só será implementada em toda a rede no fim de 2014

Por Bruno Ribeiro e Caio do Valle
Atualização:

Principal aposta do Metrô de São Paulo para reduzir a superlotação das linhas, o novo sistema de controle dos trens vai demorar mais um ano para funcionar. É um atraso que se arrasta desde 2010. Como consequência, técnicos da companhia têm sido obrigados a adaptar trens recém-reformados, que já têm o novo sistema, para que possam rodar no modelo antigo. O novo controlador se chama CBTC (sigla em inglês para Controle de Trens Baseado em Comunicação) e foi comprado em 2008 ao custo de R$ 712 milhões. O sistema deveria garantir um aumento de até 20% na velocidade média dos trens - o que equivale a um aumento do mesmo porcentual na oferta de lugares nos horários de pico, diminuindo a lotação.Os planos do Metrô eram aproveitar a reforma de 98 trens - um contrato de R$ 1,7 bilhão - para instalar os novos equipamentos nos vagões. Isso seria feito durante a reforma, enquanto os trens estivessem desmontados. Mas, com o atraso na instalação do CBTC, técnicos do Metrô são obrigados a fazer ajustes para que os vagões já reformados continuem rodando no sistema de controle antigo, chamado ATC.O Estado obteve uma planilha da companhia, de 2 de maio, que mostra o problema. Onze dos 118 trens disponíveis para as Linhas 1-Azul e 3-Vermelha não podiam ser utilizados por falta de sistema de controle. "De fato, o CTBC não está no prazo que deveria. Por isso, a gente pegou o sistema convencional e fez uma adaptação, para ele funcionar com o trem modernizado", afirma o diretor de Operações do Metrô, Mário Fioratti. "Mas existe um problema aí. O sistema convencional precisa 'conversar' com o trem modernizado. Precisa de uma interface para essa conversa", diz. "Essa planilha (de 2 de maio) é de quando esse módulo não estava instalado."Nesse processo, os trens acabam mantendo os dois tipos de controle instalados. "São trens flex, como a gente diz aqui", conta Fioratti. Ele afirma, no entanto, que a falta de trens não compromete a operação.Novos prazos. O atraso é decorrente de dificuldades técnicas. A rede não foi projetada para rodar com o sistema CBTC. O novo sistema não tem passado nos testes de segurança do Metrô. Não há outro exemplo, no mundo, de uma adaptação de rede dessa magnitude.Na semana passada, o presidente da companhia, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, afirmou que o novo controle só ficará pronto no fim de 2014. "A gente pretende ter esse sistema CBTC implementado na Linha 2 agora ainda em setembro ou outubro. Na Linha 1, está prevista a implementação em agosto do ano que vem. E, na Linha 3, no final de 2014."O CBTC foi comprado pelo Metrô da multinacional francesa Alstom, uma das empresas investigadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal por suspeita de participação em um cartel formado para fraudar licitações do Metrô. A empresa diz que coopera com as autoridades nesses casos. "Em razão dos atrasos da Alstom na implementação do CBTC, o Metrô aplicou multas que somam R$ 77 milhões", diz a companhia, em nota. Além disso, segundo o Metrô, os pagamentos para a Alstom "estão suspensos há um ano, por decisão da própria contratada". Linha 6. O governo do Estado deve lançar hoje o novo edital para contratar empresas interessadas em construir a futura Linha 6-Laranja (entre a Vila Brasilândia e a Estação São Joaquim). É a segunda tentativa de atrair o mercado para a obra - a primeira, há pouco mais de um mês, não teve interessados.

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