
20 de outubro de 2010 | 00h00
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Outros 17 oficiais são chefes de gabinete, braço direito dos subprefeitos, e 24 trabalham em posições de segundo escalão, como coordenadorias de planejamento e desenvolvimento urbano ou de projetos e obras. Ao todo, 54 oficiais aposentados trabalham nas subprefeituras. Contando as vagas em outras secretarias da administração municipal, os policiais já chegam a 78. Já há mais oficiais da reserva trabalhando na administração municipal que coronéis na ativa - são 61 atualmente na Polícia Militar em todo o Estado.
A estratégia de usar a mão de obra da PM na Prefeitura, que teve início em julho de 2008 com a indicação do coronel Rubens Casado para a Subprefeitura da Mooca, se disseminou rapidamente. Em um ano, o total de oficiais da reserva exercendo cargo de subprefeito se multiplicou por cinco e dobrou o número de policiais na máquina municipal. "São pessoas com excelente formação e com ampla vivência na gestão de grandes estruturas, que acabam se aposentando no auge da capacidade profissional", defende o comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo. "A parceria entre a Polícia Militar e a Prefeitura nunca esteve tão estreita."
O uso dessa mão de obra ocorre paralelamente à mudança de papel das subprefeituras, idealizada pela atual gestão. Durante a administração de Marta Suplicy (PT), as subprefeituras tiveram a missão de descentralizar a gestão de áreas importantes, como Saúde, Educação e Obras. O prefeito José Serra (PSDB) diminuiu os encargos dos subprefeitos, que passaram a atuar em tarefas cotidianas, como pequenas obras, administração de centros esportivos, fiscalização de ambulantes, limpeza e recapeamento.
Kassab voltou a centralizar a administração municipal, diminuindo o orçamento e as tarefas dos subprefeitos. Cabe às subprefeituras atualmente cumprir com a tarefa da zeladoria, cuidando de serviços como tapa-buraco e cortes de vegetação.
A nova condição tem motivado reclamações de moradores e associações que anteriormente tinham trânsito mais fácil nesses postos regionalizados. Muitos reclamam das dificuldades em ser recebidos e da falta de jogo de cintura dos coronéis para lidar com impasses políticos ou para solucionar problemas que teoricamente não estão na sua alçada. "Você sabe que sou apenas um zelador", é uma das frases mais ouvidas.
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