Mestre Ideval é quem mais emplacou canções  no sambódromo paulistano

Nascido em Catanduva, Ideval Anselmo, de 74 anos já teve suas canções interpretadas 19 vezes, oficialmente, pelo Grupo Especial

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Por Edison Veiga e Rodrigo Burgarelli
Atualização:
Mestre Ideval é o compositor de sambas enredo que mais emplacou composiçõesna história do carnaval paulista Foto: Rafael Arbex

SÃO PAULO - Boina, camisa desabotoada. Tudo dourado: óculos, relógio, anel. Cigarro Dunhill em uma mão, copo com cerveja na outra. Assim a reportagem é recebida por um mito do samba paulistano: Ideval Anselmo, de 74 anos, mais conhecido como Mestre Ideval.

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Segundo levantamento feito pelo Estadão Dados no acervo da Sociedade Amantes do Samba Paulista - que coloca à disposição os sambas-enredo de todos os desfiles desde 1968 -, Ideval é o compositor que mais vezes teve sua obra cantada na avenida: 19 vezes, oficialmente, sempre pelo Grupo Especial. “Mas olha bem, na realidade, foram 22 vezes”, garante. Em sua contagem recorda as vezes em que assinou sob pseudônimo. “Como em 1985, que eu tinha samba pela Unidos do Peruche e pela Camisa Verde e Branco. Os presidentes das escolas quiseram que eu usasse outro nome em uma delas. Botei Washington na Camisa. Washington é o nome do meu filho.”

Nascido em Catanduva e criado em Votuporanga, interior paulista, Ideval diz que o samba sempre esteve presente em sua casa. “Meu avô e minha avó já gostavam de música. A velha cantava e o velho tocava acordeom.” Também tinha o cinema que costumava mostrar “aquela coisa linda” que era o carnaval do Rio. Na bandinha de Votuporanga, ele tocava instrumentos de sopro no coreto. Em 1958, Ideval se mudou para São Paulo, para trabalhar como metalúrgico em uma fábrica de registro d’água perto de Moema.

Ideval enveredou pelo mundo das escolas de samba por causa da mulher, Hayde, com quem é casado desde 1962 e tem sete filhos. “Um primo dela cuidava de uma ala na Camisa Verde e Branco. Decidi compor um samba também. Não é que acabei escolhido (em 1972)?”, diz. De lá para cá, foram 19 sambas-enredo (na contagem oficial) entre 1972 e 2003.

Ex-carnavalesca e escritora, Maria Apparecida Urbano destacou a importância de Mestre Ideval em seu livro Quem é Quem no Samba Paulista. “É maravilhoso. Há muitos anos que é uma pessoa queridíssima. Já passou por muitas escolas. Fez sambas que ficaram na história. É um dos baluartes do samba de São Paulo.” Seus sambas foram campeões em cinco ocasiões: 1974, 1976, 1977 e 1979, pela Camisa Verde e Branco. Voltou a ganhar em 1984 com a Rosas de Ouro. Essa trajetória rendeu a Ideval um verbete no Censo do Samba Paulistano, do Observatório de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo, que classifica como antológico o Narainã, de 1977, da Camisa Verde e Branco.

Longe do Anhembi desde 2003, ele diz que agora prefere assistir aos desfiles pela televisão. “Aí, quando dá sono, já estou no meu sofá velho mesmo.” Recentemente, lançou o CD Ideval Anselmo - Memória do Samba Paulista. Também tem se dedicado a shows, como o que fez na noite de ontem, no Sesc Campo Limpo. / COLABOROU PAULA FELIX

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