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Mestrado profissional em alta na rede pública

Espalhados pelo País, cursos se expandem e priorizam cotidiano das salas de aula

Por Victor Vieira
Atualização:

Após o êxito na Matemática, a Universidade Aberta do Brasil (UAB), rede que sistematiza cursos a distância e semipresenciais oferecidos por instituições federais, expande a oferta de mestrados profissionais para outras áreas. As formações, voltadas a professores de escolas públicas, chegaram às áreas de Física e Letras no ano passado e devem atender ao ensino de Artes e História já em 2014. A principal diferença dos mestrados profissionais para os acadêmicos, modalidade mais tradicional, é que esses cursos de pós-graduação se concentram menos na pesquisa e investem na capacitação para a prática. Quando começaram a se consolidar no Brasil, no início da década passada, havia resistência acadêmica ao formato. Hoje já existem mais de 500 no País. No sistema UAB, que funciona desde 2007, os mestrados profissionais foram criados há três anos na área de Matemática (ProfMat). A opção pela universidade aberta atendeu à demanda, grande e distribuída, e facilitou o acesso. Cada universidade parceira tem um polo de coordenação, que orienta os estudantes da região e dá aulas presenciais uma ou duas vezes na semana. Os alunos ganham bolsa mensal de R$ 1,5 mil."Os resultados não são imediatos, mas elevam aos poucos a qualidade do ensino médio e fundamental público", ressalta Lívio Amaral, diretor de Avaliação da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao Ministério da Educação. Qualificação. A rede de mestrados profissionais em Matemática, que tem servido de inspiração para cursos de outras áreas, é pioneira no sistema UAB. A coordenação da pós ficou sob responsabilidade da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), referência no setor. Uma das prioridades foi levar em conta as necessidades e deficiências de formação dos docentes da rede pública. Para o presidente da SBM, Marcelo Viana, isso acontece porque os licenciados mais talentosos preferem ficar nas universidades a seguir o magistério no ensino básico. "Muitos nem pisam na sala de aula, já que a carreira não é atrativa", diz. Entre os méritos do curso, segundo Viana, estão a troca de experiências entre os mestrandos e o contato com pesquisadores de ponta."Compreendi melhor conteúdos que já havia visto na faculdade", lembra Vítor Amorim, professor de São Paulo que se formou na primeira turma do mestrado profissional de Matemática. De acordo com ele, que trabalha em uma escola estadual e em um colégio particular, a possibilidade de conciliar suas aulas com a pós foi fundamental para levar o curso adiante. "Outro ponto positivo foi repensar como avalio meus próprios alunos", comenta. Professora da Federal do Rio Grande do Norte e coordenadora do programa do mestrado profissional em Letras (ProfLetras), Maria das Graças Rodrigues explica que a intenção é trabalhar questões cotidianas. "Em vez de aceitarmos somente dissertações, também valem como trabalho de conclusão de curso softwares ou propostas didáticas que possam impactar a vida nas classes", exemplifica. Mais de 12,5 mil professores do ensino fundamental tentaram 856 vagas da primeira edição do ProfLetras, iniciada em agosto de 2013. A próxima turma começará em 2015.

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