22 de julho de 2017 | 03h00
Os dedos ágeis dão conta de um tapetinho de crochê em poucos minutos, enquanto o olhar está fixo na tela – não a da televisão, como as vovós que povoam nosso imaginário, mas a do celular. Junior Silva, de apenas 12 anos, é youtuber, como muitos de sua idade, e “crocheteiro”, como muito poucos.
O menino tomou gosto pela atividade depois de observar a avó e a tia. “Eu tinha 11 anos, pegava a agulha e fingia que estava fazendo. Aí pedi para elas me ensinarem o ponto alto”, conta. Um ano depois, a avó já não consegue acompanhar o neto na costura – nem as publicações na internet. “Gosto bastante e aí surgiu essa rapidez”, explica o menino.
LEIA TAMBÉM: Aula de crochê na cadeia muda realidade de presos
A vontade de compartilhar o gosto pela costura veio depois de publicar em um grupo no Facebook uma foto de um tapete colorido que ele mesmo fez. “Bastante gente gostou. Depois, comecei a fazer vídeo, live (vídeo ao vivo) e assim foi crescendo o meu público”, conta ele, orgulhoso dos milhares de seguidores que já conquistou nas redes sociais.
Nos vídeos, Junior dá dicas de pontos e linhas enquanto costura e ainda interage com quem acompanha os lives – a maior parte do seu público é formado por mulheres mais velhas. Os espectadores comentam ao vivo de vários Estados do Brasil e até de outros países como Espanha e Chile.
Apesar do sucesso nas redes, a família toma cuidado para que o hobby pelo crochê e pela internet não impeça o menino de viver como qualquer outro. “Ele não é uma criança vidrada na internet. Às vezes, fica três dias sem, e fica tranquilo”, conta a mãe, Denise Vieira, de 32 anos, que acompanha as publicações de Junior, mas não sabe fazer crochê.
Na pequena cidade de Iaras (SP), onde a família mora, Junior é reconhecido por onde vai, segundo a mãe, mas leva vida normal. “Gosto de brincar de pega-pega, esconde-esconde. Essas coisas, sabe?”. Sempre que dá, sai para tomar sorvete com os amigos. E a mãe vive de olho no boletim.
“Ele também tem de estudar e fazer outras coisas, brincar. Como as notas estão boas, a escola até liberou antes (do recesso) para viajar”, conta Denise. De férias antecipadas, o menino veio a São Paulo, para passar alguns dias na casa do pai. Na mala, juntou linhas, agulhas e peças que já tinha começado a fazer.
“Crochê é uma arte bem bonita. Faço muitas coisas diferentes e coloridas”, diz o menino, que já ensinou alguns amigos e até a irmã Yasmin, de 9 anos. Embora tenha os seus fãs, há também quem o critique por acreditar que crochê não é coisa de criança, muito menos de menino. “No começo eu ficava chateado, mas agora não ligo. Eu levo na esportiva.”
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.