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Meninas ladras: lojas criam rede ''antiarrastão''

Comerciantes trocam celulares e dizem que, após prisões, garotas ameaçaram quebrar vitrines

Por Luisa Alcalde e JORNAL DA TARDE
Atualização:

Comerciantes da Vila Mariana, bairro da zona sul da capital onde têm ocorrido arrastões feitos por crianças e adolescentes, formaram ontem uma rede, acionada por telefone, para trocar informações quando o grupo estiver atacando no bairro.Na manhã de ontem, o dono de uma loja de doces, que pediu para não ser identificado, percorreu lojas na Avenida Domingos de Morais - do Largo Ana Rosa até a Estação Vila Mariana do Metrô (Linha 1-Azul) - anotando números fixos e celulares de 15 lojistas. "A intenção é não sermos pegos de surpresa. Sabendo antes, colocamos funcionários na porta para impedir a entrada do bando", explicou.Os comerciantes também temem que as vitrines dos estabelecimentos sejam quebradas com pedras arremessadas pelo grupo - as ameaças começaram a ser feitas depois que a Polícia Militar intensificou as rondas na região na semana passada. "Já passaram falando aqui que não vai ficar assim", contou a gerente de uma loja de calçados infantis, Judith Musselini. O prejuízo pode chegar a R$ 2 mil. Outra preocupação é com a fuga de clientes. "Tem gente ligando para dizer que não virá", disse.Com mais policiais na altura do Largo Ana Rosa, o grupo migrou, no fim de semana, para a Praça Doutor Teodoro de Carvalho, na altura do número 1.200 da Domingos de Morais. No sábado, sete meninas e dois meninos foram encaminhados para o 16.º Distrito Policial (Vila Clementino) após chamado. Levados a um abrigo, duas horas e meia depois já estavam na rua.Adultos. Comerciantes acreditam que há adultos por trás das ações do grupo. Segundo Mari Santos, dona de uma loja de cosméticos, depois que os jovens foram levados no sábado, uma mulher a ameaçou: "Se a polícia pegá-los novamente, vai ter pau." Ela confessa que trabalha com um pé de cabra embaixo da vitrine e com um desodorante para espirrar nas garotas. A comerciante Adriana Augusta Fidalgo Santos compartilha da desconfiança. "Parece que tem alguém vigiando e passando a informação." O presidente do Conselho de Segurança (Conseg) da Vila Mariana, Douglas Melhem Junior, diz que a suspeita nunca foi documentada.

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