Medo de desabastecimento leva à corrida por botijão de gás em SP

Há relatos de filas em distribuidoras na capital e na Grande São Paulo; empresas pedem que não seja feito estoque

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Por Túlio Kruse
Atualização:

Em meio à recomendação de isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus, o aumento na demanda pelo gás de cozinha tem provocado filas em distribuidoras na região metropolitana de São Paulo. Empresas citam alta repentina na procura pelo botijão – e há quem faça estoque em casa, com medo de desabastecimento. 

Na zona norte da capital, moradores relataram dificuldades para encontrar o produto nesta sexta-feira, 27, durante toda a manhã. O abastecimento de uma distribuidora na Freguesia do Ó teve de ser antecipado durante a tarde. Clientes ficaram mais de duas horas na fila após o anúncio de um novo carregamento. 

Fila para comprar gás demorou mais de duas horas nesta sexta, 27, e consumidores relataram preços abusivos Foto: Tulio Kruse/Estadão

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“Não estão entregando o botijão, até porque nos disseram que o volume de pedidos está muito grande, então as pessoas têm de vir aqui”, contou o supervisor de manutenção aposentado Gilberto Silva, de 58 anos, que estava na fila havia uma hora. Ele relatou que algumas distribuidoras aumentaram o preço em cerca de 50%. “Na Brasilândia (zona norte) estavam vendendo o botijão a R$ 120, aqui está R$ 86. O brasileiro se aproveita de qualquer situação para ganhar.”

A cena se repetiu em locais como Itaquera, na zona leste, Lapa, na oeste, e em municípios como Francisco Morato e Mauá, segundo relatos enviados ao Estado. Uma fila com dezenas de carros congestionou a Avenida Alberto Soares Sampaio, em Mauá, em frente a uma distribuidora. Em Francisco Morato, uma moradora relatou que esperava havia três dias por uma encomenda de botijões.

“Moradoras estão relatando que acabou o gás em vários locais, e em algumas revendedoras o telefone só toca e ninguém atende. Mesmo em distribuidoras mais distantes não estão conseguindo comprar”, conta a designer Lilian Wutzke, que trabalha em uma ONG que atende moradores da zona leste. 

Demanda

Empresas que trabalham com a distribuição do gás de cozinha relatam um aumento repentino na demanda ao longo da última semana e uma mudança no comportamento de clientes, que passaram a guardar mais botijões em casa. 

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A Consigaz diz que tem entregado aos revendedores quantidades de botijões superiores ao planejado para o período e, mesmo assim, tem sido insuficiente. “O consumidor deve estar antecipando a compra de gás ou até adquirindo um botijão de reserva, o que é desnecessário”, informou a empresa. 

A Ultragaz também vê aumento da demanda. “Para dar uma ideia, na Grande São Paulo, só a Ultragaz comercializa 1,5 milhão de botijões de 13 quilos por mês. Somente na última semana, além da demanda normal, houve aumento de 300 mil botijões adicionais.” 

A empresa disse repudiar a prática abusiva de preços e informou que orienta revendedores em relação ao tema. A companhia pede que consumidores fiquem em casa e utilizem o telefone e canais de venda online para os pedidos. 

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