07 de setembro de 2013 | 02h06
Tentativas como colocar mais residentes no interior ecoam com a própria iniciativa do governo federal. Boa parte das residências é pública, mas não tem nenhum papel na redução do problema da saúde pública. As medidas anunciadas pelo governo paulista são uma tentativa de não deixar somente nas mãos do governo federal a tarefa de criar alternativas, mas apontam exatamente para a mesma direção.
No Brasil, muitos dos profissionais se beneficiam do dinheiro público em sua educação e especialização, e agora passam a ter mais obrigações em relação à saúde pública. Faz sentido que desempenhem maior papel nesse setor.
Do ponto de vista da opinião pública, o programa Mais Médicos enfrentou basicamente três momentos. No começo, houve oposição absoluta, talvez pela pouca clareza sobre o que seria feito e a aposta apenas na criação de mais cursos. Depois, apesar de ainda haver muita oposição, o projeto ganhou desenho mais adequado ao trazer médicos do exterior, o que é feito em outros países, para suprir a carência no interior. Por fim, com as reações desastrosas na chegada dos estrangeiros, é possível observar que o governo paulista quis mostrar uma iniciativa na mesma direção.
Ao se opor à criação de novos cursos, o grupo de profissionais da área médica vai de encontro à doutrina de livre mercado, de oferta e procura. A classe médica deve negociar com o governo e concordar que existem problemas, como o fato de que há prefeituras pagando R$ 35 mil por mês para ter um médico. E o governo também terá de negociar, pois não vai conseguir que seja um programa bem-sucedido se for contra a classe médica.
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