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Medida surpreende comerciantes e cria clima de tensão

Decisão da Prefeitura de assumir o local não havia sido debatida em reunião realizada anteontem com ambulantes

Por Paulo Saldaña
Atualização:

Para os frequentadores da Feirinha da Madrugada - atualmente com funcionamento estendido por causa da proximidade do Natal -, a situação ontem era normal. Mas, entre os comerciantes, o clima era de tensão.

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Todos foram surpreendidos pela decisão da Prefeitura. O assunto nem sequer havia sido citado em reunião ocorrida anteontem na sede da SPU com cerca de 30 ambulantes.Pelo menos seis associações de comerciantes atuam no local e competem por espaço. O ex-administrador da feirinha Ailton Vicente de Oliveira continuava ontem no local - de acordo com a SPU, ele não tem amparo legal para exercer a função, mesmo antes da intervenção federal. "Estou à disposição, acredito que posso ficar", diz ele.O presidente da Associação dos Comerciantes da Zona Cerealista, João Bezerra, se diz otimista com a nova função da Prefeitura. "Há mais de 50 denúncias aqui. Queremos tudo regularizado para as pessoas poderem trabalhar", diz.Queixas. Cerca de 1.200 ambulantes ocupam há dez dias um galpão que permanecia vazio no terreno. O grupo é ligado à Comissão Organizadora dos Trabalhadores Ambulantes de São Paulo (Cotasp). "As pessoas precisam trabalhar. É preciso um recadastramento de todos os ambulantes da cidade", diz o presidente da Cotasp, Jonh Walis.O comerciante reclama do posicionamento da Prefeitura, que beneficiaria quem está na feirinha, enquanto quem está na rua continua submetido à fiscalização. Nenhum dos ambulantes da feira possui licença. Walis ainda se queixa da Operação Delegada, chamada de "bico oficial" - convênio entre a Polícia Militar e a Prefeitura, em que PMs de folga fiscalizam camelôs irregulares em regiões críticas da capital paulista. "O policiamento tem sido desproporcional", diz. PARA LEMBRARNo dia 16, cerca de 800 camelôs invadiram a feirinha depois que um loteamento de vagas foi adiado pela terceira vez. Por duas horas, consumidores foram impedidos de entrar. A ação expôs uma realidade de irregularidades. Além de não ter alvará, o local não tinha uma administração legalizada. A área já foi investigada pelo MP pela venda de pontos e cobrança de propinas. A última operação policial, no mês passado, resultou na apreensão de 400 toneladas de mercadorias ilegais. Há denúncias de que ambulantes têm de pagar R$ 5 mil mensais de propina.

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