Médico de Ryan Gracie nega acusações feitas pela família

Sabino Ferreira de Farias diz que pediu dinheiro para alimentar o cliente, não para subornar policiais

PUBLICIDADE

Por Rodrigo Pereira , Bruno Lousada e de O Estado de S . Paulo
Atualização:

O psiquiatra Sabino Ferreira de Farias, contratado pela família Gracie para acompanhar e medicar o lutador Ryan Gracie na véspera de sua morte, considerou "a mais crassa mentira" as declarações da irmã do lutador, Flávia Gracie, de que ele teria sido incumbido de intermediar pagamentos a delegados e carcereiros para favorecer seu paciente. Irmã diz que vai processar psiquiatra Ryan foi encontrado morto numa cela da carceragem do 91º DP (na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo), e a família do lutador já anunciou que vai processar o psiquiatra. Ele admitiu ter receitado ao lutador de jiu-jítsu um coquetel com seis remédios, na madrugada de sábado, para tentar estabilizar seu quadro clínico. Além de suborno, Flávia acusou o médico de "assassinato" e afirmou que a polícia foi omissa. O médico se defende. "A única coisa que teve foi uma sugestão para que dessem R$ 100, R$ 200 aos carcereiros para que o Ryan tivesse direito a comer pizza, refrigerante, um sorvete, quando tivesse vontade. Mas foi sugestão minha. Não teve a intenção de suborno e, em momento nenhum, houve conversa de valores com policiais", disse. "Se houvesse qualquer indício de corrupção, eu denunciaria o fato." "Fiz o meu melhor, estou convicto disso, mas infelizmente não foi suficiente para mantê-lo vivo", prosseguiu o médico, dizendo compreender a dor da família Gracie. "Eu também estou arrasado. É meu segundo óbito em 31 anos de trabalho." Farias confirmou que recebeu cerca de R$ 5 mil para atender Ryan. "Isso foi conversado antes e eles aceitaram. Nem foi a dona Flávia quem pagou, mas a companheira do Ryan, Andréia, parte em cheque e o restante em dinheiro." DA PRISÃO À MORTE DO LUTADOR 13h30 de sexta-feira Armado com uma faca, Ryan rouba um Toyota Corolla, no Itaim Bibi, zona sul, mas bate o veículo num banco de concreto. Ele abandona o carro e pára uma moto na Avenida Juscelino Kubitschek. É cercado por um grupo de 30 motoqueiros. A polícia chega e leva o lutador para o 15.º DP. 22 h É atendido pelo médico Sabino Ferreira de Farias, que aplica exame toxicológico. Ryan é encaminhado ao IML para outros exames e depois para ao 91.º DP. 2 h de sábado Ryan é fortemente medicado com anticonvulsivos e tranqüilizantes. 5 h O médico administra um remédio para baixar a pressão do lutador, que estava alta: 17 por 10. Uma hora depois, Farias deixa a cela. 8 h Ryan é encontrado morto sozinho dentro da cela pelo delegado Paulo Bittencourt. Segundo o policial, ele estava com as mãos arroxeadas, rosto avermelhado e sangue saindo pela boca.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.