09 de fevereiro de 2014 | 02h06
Os badejos, garoupas, chernes e outros peixes da mesma família, chamada Epinephelidae, são hermafroditas. Todos nascem fêmeas, e apenas alguns indivíduos se tornam machos dentro de uma população. São, normalmente, os peixes maiores e, portanto, os mais cobiçados pelos caçadores.
"Quando o pescador mergulha, ele seleciona os maiores peixes, que têm o maior valor agregado. Se você pensar que, para essas espécies, os peixes maiores são quase sempre os machos, o impacto dessa seleção na dinâmica populacional é potencialmente muito grande", afirma Freitas, pesquisador da Rede Abrolhos e presidente do Instituto Meros do Brasil. "Estão matando as galinhas dos ovos de ouro. Você pode ter o número de fêmeas que quiser, ovulando por toda parte; se não tiver um macho para fertilizar todos esses óvulos, não adianta nada."
Nessas espécies, segundo ele, a proporção é de um macho para cada dez fêmeas, podendo chegar a 1 para 15. Quando um macho é removido da população, uma fêmea dominante muda de sexo para ocupar seu lugar, mas a transformação não é imediata, e só terá efeito prático na reprodução do ano seguinte.
Por esse e outros fatores, Freitas defende que a pesca de mergulho com compressor seja regulamentada, ou até mesmo proibida, com tamanhos mínimos e máximos de captura estabelecidos para cada espécie.
Do ponto de vista legal, a pesca de compressor navega por uma área cinzenta. A atividade não é regulamentada, mas também não é proibida explicitamente em nenhuma lei para a captura de peixes, apenas de lagosta. Procurado pelo Estado, o Ministério da Pesca e Aquicultura disse que a prática é irregular.
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