Marginal: ainda faltam os guardrails

Especialistas alertam que a falta de proteção para os novos postes de iluminação da Tietê pode aumentar a gravidade de acidentes

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Por Rodrigo Brancatelli
Atualização:

Se a nova iluminação da Marginal do Tietê já chama a atenção dos motoristas por melhorar a visibilidade em trechos da via, para os especialistas em segurança viária ela salta aos olhos pelo perigo. Diversos postes instalados nas últimas semanas, bem como as novas placas de sinalização, não estão protegidos por muretas de concreto ou guardrails, como manda uma resolução da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).Isso aumenta o risco de acidentes, uma vez que os postes ficam expostos e a poucos metros da passagem dos carros. "Pode ser mortal", afirma o engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre em Transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). "Até mesmo as novas árvores precisam de proteção, que pode ser mureta de concreto ou defesa metálica.""Os erros vão acontecer, os motoristas vão sair da pista, seja por causa de aquaplanagem, por uma fechada de outro veículo ou até por um cachorro na via", alerta Ejzenberg. "E o carro que sai da pista não pode encontrar um obstáculo sem proteção, porque ali na Marginal, a 70 ou 90 quilômetros por hora, vai ser fatal."O Estado procurou desde a tarde de terça-feira a Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), responsável pela obra de ampliação da Marginal, para saber se há previsão de instalação dos equipamentos, mas a companhia não respondeu. Para Ejzenberg, a ausência de barreiras pode até parar na Justiça. "As vítimas podem acionar os responsáveis pela falta de proteção."Segundo a Insurance Institute for Highway Safety, empresa americana que estuda a segurança de trânsito, uma colisão a 100 km/h contra um poste ou árvore de grande porte tem entre 40% e 85% de probabilidade de ser fatal. Já a batida contra um guardrail ou uma barreira de concreto na mesma velocidade tem entre 10% e 50% de possibilidade de causar morte do motorista.Instalação. A Dersa entregou na quarta-feira da semana passada a primeira etapa do sistema de iluminação da Marginal do Tietê, seis meses após a inauguração das novas pistas. O antigo sistema havia sido retirado no fim do ano passado para que a obra fosse feita e desde então a maior via da capital paulista estava totalmente às escuras, o que aumentava o risco de acidentes.Segundo balanço da Dersa, até agora, o sistema foi instalado em 12,9 quilômetros da Marginal - que tem 23 km em cada sentido. A nova iluminação já está funcionando da Ponte da CPTM até o Rio Tamanduateí e da Ponte do Piqueri até próximo à Vila Maria (trechos no sentido da Rodovia Castelo Branco). No caminho inverso, estão iluminados os trechos entre as Pontes da CPTM e da Freguesia do Ó e das Bandeiras até a Cruzeiro do Sul. Foram ligados cerca de mil postes com luminárias de 600 watts de potência. As lâmpadas serão de vapor de sódio (cor amarela) e metálico (branca). Até o fim de outubro, será entregue a segunda fase. Os últimos pontos a receberem os postes ficam entre as Pontes Vila Maria e Cruzeiro do Sul, no sentido Castelo Branco, e entre as Pontes Julio de Mesquita e Casa Verde e da Vila Maria até Parque do Piqueri, no sentido Ayrton Senna. Derrapagens. A falta de iluminação na Marginal e desconhecimento dos motoristas sobre as novas saídas das pistas aumentaram o risco de acidentes. Isso pode ser visto no asfalto, que exibe várias marcas de derrapagens de caminhões - todas perto de saídas para as pistas central e local da via. "São justamente os pontos de decisão, quando o motorista precisa trocar de pista", explica Sérgio Ejzenberg. "Mas, como a sinalização é ruim e ainda não há iluminação, a gente vê essas marcas absurdas, que mostram a velocidade em que os caminhões estavam."Na viaR$ 61 milhõesé o investimento na iluminação da Marginal do Tietê15 metros é a altura de cada poste. Eles serão instalados a cada 40 metros. Nas alças e trevos, terão 12 m, com lâmpadas brancas50 acidentes com mortes ocorreram na Marginal do Tietê no ano passado, entre eles 18 atropelamentos, 20 colisões entre veículos e 4 batidas em postes e muros

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