Marchas atraem todo tipo de protesto

Após liberação de passeata em prol da maconha pelo STF, manifestantes se reuniram em 40 cidades e pediram até pelos índios do Xingu

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Por William Cardoso , Clarissa Thomé , Eduardo Kattah , Elder Ogliari e Evandro Fadel
Atualização:

Realizada simultaneamente em 40 cidades depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou a marcha da maconha, na quarta-feira, as Marchas da Liberdade atraíram todo tipo de reivindicação, de manifestantes defendendo os índios do Xingu a feministas e grupos contra a homofobia.Em São Paulo, a marcha reuniu cerca de 2 mil pessoas, integrantes de mais de 110 movimentos sociais. Além dos manifestantes favoráveis à liberação da maconha, o evento atraiu defensores de políticas favoráveis às mulheres, a favor do passe livre, contra a repressão policial e também defensores da liberdade no Oriente Médio. Segundo a PM, não houve incidentes. Em alguns momentos, porém, a reportagem sentiu o cheiro de maconha entre os manifestantes.A passeata saiu do vão livre do Masp, na Avenida Paulista, e, por volta das 16h, seguiu em direção à Rua da Consolação. O foco da manifestação foi contra a repressão policial e pelo fim do uso de armamentos por PMs durante manifestações sociais. Antes da liberação pelo STF, a marcha da maconha acabou em pancadaria, em 21 de maio.Segundo os organizadores, o evento foi positivo. "Conseguimos chamar a atenção para a nossa causa", disse uma das líderes, Gabriela Moncau. No fim da manifestação, as pessoas foram convocadas a comparecer à Marcha da Maconha, no dia 2 de julho, também na Paulista.Exaltados. Um tumulto foi registrado durante o trajeto da Marcha da Liberdade, que se juntou à das Vagabundas, num total de 800 pessoas, em Belo Horizonte. Alguns participantes entraram em confronto com integrantes da Guarda Civil e PMs que estavam na frente da prefeitura. Os guardas usaram cassetetes e spray de pimenta para dispersar os mais exaltados. Não houve feridos nem prisões."Alguns manifestantes ameaçaram invadir (a prefeitura), mas foi um caso isolado", afirmou Victor do Carmo, um dos organizadores. Em Curitiba, pelo menos 500 pessoas de vários movimentos sociais fizeram uma caminhada pelo centro da cidade. "A intenção é pedir democracia na hora de levantar qualquer bandeira", disse o psicólogo Cesar Fernandes, um dos organizadores da marcha curitibana. O evento precisou atrasar o início e mudar o roteiro em razão de outra manifestação que acontecia na Rua 15 de Novembro, com evangélicos que distribuíam folhetos contrários ao uso de drogas. Na passeata havia cartazes contra a construção da Usina de Belo Monte, a destruição do meio ambiente, o sigilo de documentos e a favor da liberdade de expressão, da cultura e do passe livre nos ônibus. Na praia. A marcha atraiu cerca de 2 mil pessoas em Copacabana, na zona sul do Rio. Outros ativistas, como gays e feministas, também compareceram. Muitos manifestantes levaram cartazes cujos dizeres faziam alusão à liberdade de expressão e de manifestação. Outros pediam a legalização do uso da maconha. Um deles dizia: "Maconheiros apoiam os bombeiros!" Ex-ministro do Meio Ambiente, no governo Lula, e secretário de Estado do Ambiente, Carlos Minc, acompanhou a manifestação. "É preciso rever as políticas públicas sobre drogas", disse.O movimento contou com a participação de 300 pessoas em Porto Alegre. Durante a caminhada, os manifestantes explicaram que a marcha uniu todos os movimentos sociais que, de alguma forma, já foram reprimidos pelas autoridades. Exibiam cartazes em defesa da livre opção sexual e dos índios do Xingu.

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