
28 de agosto de 2012 | 03h02
O manjericão no tempero da carne fez a diferença no concurso Melhor Pastel de São Paulo, na manhã dessa segunda-feira, 27, na Praça Charles Miller, no Pacaembu, zona oeste da cidade. Quem garante são os donos da barraca Kyoto, eleita pelo júri a melhor entre os 20 competidores escolhidos pela Prefeitura da capital.
"Um bom pastel, primeiramente, é a massa. Pouca gordura. Mas foi na carne que a gente ousou, usando manjericão", diz Roberto Matias, de 27 anos, um dos donos da barraca, um negócio familiar que mantém com o cunhado Igor Keidi Lavezzo, de 24 anos.
O prêmio coroa a terceira geração de pasteleiros da família de Lavezzo. O avô dele, japonês, fritava as guloseimas na época em que as feiras livres ainda eram proibidas na cidade. Do Japão, onde moraram por cinco anos e trabalharam em uma pastelaria, os sócios afirmam ter trazido "educação, respeito, bom atendimento". O tempero, diz a dupla, é 100% brasileiro.
O pastel que conseguiu arrancar nota 8,49 do júri formado por 20 chefs e críticos gastronômicos é resultado de muito treino. No ano passado, a barraca Kyoto ficou em quinto lugar na eleição. "Planejávamos disputar e ganhar desde 2009. Só não esperávamos que seria tão rápido", afirma Matias.
A barraca já funciona como uma empresa. Tem 25 pontos em feiras livres por semana e cerca de 50 funcionários. Os R$ 5 mil do prêmio serão usados em uma grande festa para quem trabalha na Kyoto. "Vamos comemorar o título com um churrasco e muita cerveja com os funcionários", diz Matias.
Jurados. A bicampeã do concurso, Maria Yonaha, de 60 anos, que estreou no júri, disse que nunca havia comido tanto pastel de uma só vez na vida. Cada um dos jurados tinha de encarar dez. E, apesar de a degustação ser apenas do sabor carne, Maria diz que a diferença era enorme. "Comendo desse jeito, você vê a diferença de um tempero para o outro, que é muito grande. Tem um que a carne esfarelava, outro tinha muita pimenta do reino", conta.
Quem passava pelo Pacaembu no horário de almoço não resistiu. O digitador Sidney Defendi, de 45 anos, fã dos sabores carne e portuguesa, diz que os pastéis vendidos no concurso são incomparáveis. "O que faz diferença é a mão da 'japonesada' para fazer", afirma.
As estatísticas embasam a teoria do crítico amador. No pódio, só havia descendentes de japoneses. Em segundo lugar, ficou a barraca Umetso (Yoko Matoba) e em terceiro, a Nakama. Além de premiações de R$ 2 mil e R$ 1 mil, os primeiros colocados também poderão vender pastéis na Virada Cultural de 2013.
O prêmio maior, afirma o supervisor de Abastecimento da Prefeitura e organizador do evento, Beto Graziano, é pago com aumento de clientela. "Vencer significa aumentar as vendas em no mínimo 50%", afirma, lembrando o caso de Maria, que ficou famosa e abriu uma franquia com o seu nome. "É incrível a quantidade de pessoas que nos procuram porque querem comer os pastéis finalistas."
O prefeito Gilberto Kassab (PSD) afirma que o concurso serve para subir o nível da iguaria na cidade. Com um compromisso marcado, ele saiu antes do resultado e brincou que estava frustrado por ter comido "só" quatro pastéis. "E são 20. Tudo bem, volto no ano que vem. Terei tempo e fico até o fim."
Onde comer
- Pastel Kyoto
Avenida Manoel Dos Santos Braga - terça-feira
Rua Boaventura R Da Silva - quarta-feira
Rua Maragojipe - quarta-feira
Rua Madre de Deus - quarta-feira
Avenida Mata Machado - quinta-feira
Rua André Natale - quinta-feira
Rua Irmã Carolina - quinta-feira
Alameda dos Anapurus - sexta-feira
Avenida Patente - sexta-feira
Rua Antônio Camardo - sexta-feira
Rua Padre Francisco de Toledo - sábado
Avenida Carlos Obheruber - sábado
Rua Eng. Reinaldo Cajado - sábado
Rua Dr. Vicente Giacaglini - domingo
Avenida Nova Independência - domingo
Rua Tuiuti - domingo
- Pastel Umitsu
Rua Ivan Maia Vasconcelos - quarta-feira
Rua Sinanduva - sexta-feira
Rua Cachoeira Paulista - sábado
Rua Shobee Kumagai - domingo
- Pastel Nakama
Rua Frederico Penteado Junior - terça-feira
Rua Aliança Liberal - quinta-feira
Rua Lasar Segal - sexta-feira
Rua Herison - sábado
Rua Pedro H. de Orleans e Bragança - domingo
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.