Manifestantes ocupam Câmara do Rio após votação da CPI do Ônibus

PUBLICIDADE

Por Clarice Cudischevitch , Clarissa Thomé e RIO
Atualização:

A Câmara do Rio voltou a ser ocupada na manhã de ontem por 200 manifestantes que protestavam contra a eleição do vereador Chiquinho Brazão (PMDB), da base do prefeito Eduardo Paes, para presidir a CPI dos Ônibus. O presidente da Câmara, Jorge Felippe (PMDB), e outros parlamentares ficaram acuados pelos ativistas no gabinete da presidência da Câmara e tiveram de fugir por uma porta lateral, escoltados pela PM.

Alguns manifestantes chegaram a invadir o gabinete de Brazão e pichar paredes, janelas e teto. Um grupo já havia passado a noite anterior no prédio e só foi embora às 4h, depois que a Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogêneo para fazer a dispersão. Por volta das 21h, o novo grupo ainda permanecia no local.

PUBLICIDADE

Os ativistas se concentraram por volta das 8h na frente da Câmara para participar da sessão de instalação da CPI dos Ônibus. Às 9h20, o vereador Eliomar Coelho pediu uma pausa para que as pessoas pudessem entrar. No entanto, os demais vereadores da CPI - Professor Uóston (PMDB), Jorginho da SOS (PMDB) e Renato Moura (PTC), além de Brazão - votaram contra a pausa e aproveitaram para anunciar o voto em Brazão para a presidência, apesar de a sessão não ter sido aberta. Os quatro parlamentares são da base governista e não assinaram o pedido de CPI protocolado pela oposição.

Cerca de 150 manifestantes que estavam do lado de fora entraram no prédio pelo portão lateral. Eles foram até o gabinete de Brazão, picharam uma foto do vereador com suásticas e paredes, janelas e teto com dizeres como "Brazão ladrão" e "poder popular". Os manifestantes, então, seguiram até o corredor que leva à entrada do Salão Nobre, onde aconteceu a reunião, para cercar os vereadores.

Foi quando os PMs chegaram ao local para impedir que o grupo invadisse a sala. Os manifestantes gritavam "Brazão, cadê você? A PM tá aqui pra te prender". Na sequência, representantes dos manifestantes participaram de reunião para reivindicar que a audiência da CPI fosse revogada. Tanto Brazão quanto Uóston adiantaram que não deixarão a comissão. O vereador de oposição Eliomar Coelho estuda deixar a CPI. "Não vou ser recheio de pizza."

Imprensa.

Ao mesmo tempo, 40 manifestantes ocuparam o plenário. Eles colaram cartazes com imagens de pizza e "decidiram" que a imprensa poderia acompanhar as discussões "com restrições", sem filmar nem gravar as conversas. Foi quando um grupo de repórteres decidiu deixar o local. O deputado federal Chico Alencar (PSOL) interveio e defendeu a presença da imprensa. Depois de novas deliberações, incluindo proposta (vencida) para que apenas a Rede Globo fosse impedida de entrar, os manifestantes recuaram e convidaram jornalistas para participar do ato.

Publicidade

Às 18h30, depois de 1h30 de reunião com cinco manifestantes, o chefe de segurança da casa, Marcos Paes, e o tenente-coronel Mauro Andrade, comandante do Grupamento de Policiamento de Proximidade de Multidões, anunciaram acordo. "Não há nenhuma conspiração para retirá-los à força", afirmou Andrade.

Os manifestantes reivindicavam reunião com o presidente, Jorge Felipe (PMDB), para pedir a anulação da sessão de instauração da CPI. O vereador Jefferson Moura (PSOL) informou que o presidente marcaria uma reunião para terça-feira, desde que o local fosse desocupado ainda ontem. A 5.ª Vara da Fazenda Pública do Rio negou pedido de reintegração de posse apresentado pela presidência. Já o promotor de Justiça Flávio Bonazza, da 1.ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Capital, enviou ofício ao vereador Jorge Felippe pedindo esclarecimentos sobre a votação da CPI "a portões fechados".

Niterói.

A Câmara de Niterói também foi ocupada anteontem, por um grupo de cem pessoas que questionava a concessão das barcas no trecho Rio-Niterói. Não houve resistência da polícia e ontem, às 20h, o grupo deixou o prédio.

/ COLABOROU FELIPE WERNECK

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.