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Malha aérea de Congonhas começa a ser alterada na segunda

Com mudanças, aeroporto vai operar vôo só para o interior e 9 capitais

Foto do author Marcelo Godoy
Por Bruno Tavares , Eduardo Reina , Marcelo Godoy e Camilla Rigi
Atualização:

A partir desta sexta-feira, 27, com a reabertura da pista principal de Congonhas, a aviação comercial terá de reduzir de 38 para 33 o número de pousos e decolagens por hora (slots) no aeroporto, na zona sul de São Paulo. Segundo o diretor de Operações da Infraero, Rogério Barzellay, haverá uma malha transitória, com algumas transferências e cancelamentos de vôos que antes partiam ou chegavam em Congonhas.   Na quinta-feira, 26, ele se reuniu com representantes de TAM, Gol, BRA e OceanAir para discutir como será a nova distribuição dos vôos com base na infra-estrutura estadual. "A reunião foi bem positiva. Pelo que pudemos ver, Guarulhos deve ser o aeroporto a receber, inicialmente, mais vôos, mas haverá distribuição em outros três aeroportos administrados pela Infraero (Viracopos, em Campinas, Guarulhos e São José dos Campos)", disse o diretor de Operações.   As duas maiores empresas aéreas do País - TAM e Gol - definiram quais rotas terão como origem ou destino o Aeroporto de Congonhas. Continuarão sendo atendidas as cidades de Porto Alegre, Rio, Florianópolis, Curitiba, Brasília, Goiânia, Vitória, Campo Grande, Salvador e Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte. Destinos no interior do Estado e rotas com duração máxima de duas horas também devem ser mantidos. Os demais vôos serão remanejados para aeroportos nas imediações da capital paulista - a maioria para Cumbica -, num prazo de 60 dias.   Algumas mudanças já começam segunda-feira. TAM, Gol e Varig anunciaram o remanejamento de 52 vôos para Guarulhos, o cancelamento de 12 e a suspensão por tempo indeterminado de outros 16. A BRA já havia transferido todos os vôos para Cumbica. Serão afetadas todas as regiões do País. Além disso, a TAM informou que 11 destinos vão mudar de horário, para não coincidir com os períodos mais movimentados.   De acordo com o superintendente do Aeroporto Internacional de Guarulhos, João Márcio Jordão, o aeroporto pode absorver 30% dos movimentos de Congonhas, chegando a um pico de 100 pousos e decolagens por hora, o que só acontece hoje nos horários de pico - entre 7 e 10 horas e entre 21 e 23 horas. "Efetivamente, são 33 movimentos por hora a mais."   Em São José dos Campos, a Infraero pode oferecer um vôo por hora a mais, com conforto. "Para ter mais que isso, precisaríamos fazer adequações na sala de embarque. Mesmo assim, mais de uma empresa já demonstrou interesse em operar lá", afirmou Barzellay. Viracopos poderia receber mais 6 vôos por hora. "Mas ainda não há nada definido", explicou o diretor. O Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac), que determinou as mudanças, volta a reunir-se na segunda-feira.   Preços   Quando todas as alterações estiverem vigorando, Congonhas deixará de ser o principal ponto de distribuição de vôos do País. Também ficará impedido de receber conexões e escalas. Quem quiser viajar de São Paulo para Belém, por exemplo, terá de optar por Cumbica. Caso contrário, será preciso comprar uma segunda passagem. "Ainda é prematuro dizer se esse novo desenho vai implicar aumento de tarifa", disse ao Estadão o vice-presidente de Planejamento da TAM, Paulo Castello Branco. Posições idênticas têm a Gol e a Varig.   Desde 2003, quando ganharam o direito de organizar a malha, as companhias conseguiram reduzir em até 30% as despesas, principalmente com a maior utilização de aeronaves. Antes, um avião voava cerca de 7 horas por dia. Atualmente, as aeronaves operam por até 14 horas.   O novo cenário deve afetar toda a organização aeroportuária. Isso porque, segundo o sindicato das empresas, cerca de 70% do mercado doméstico é alimentado por passageiros que voam a negócios. Como a operação em Congonhas continuará contemplando os principais centros econômicos, eles não deverão notar os efeitos do rearranjo nas linhas aéreas. Ao que tudo indica, o impacto será sentido por quem viajar a lazer, uma vez que alguns dos destinos mais procurados no Nordeste serão cortados de Congonhas.   Mas, na opinião do vice-presidente do Instituto de Engenharia, Dario Raiz Lopes, as modificações em Congonhas vão causar transtornos para os passageiros que serão atendidos em Cumbica. "Haverá sensível degradação dos serviços prestados nos terminais de Guarulhos. Cumbica não tem capacidade para atender grande demanda de passageiros. Há capacidade de pistas, mas não de terminais."   Lopes ressaltou que, no ano passado, Cumbica atendeu 15,5 milhões de passageiros, índice que beirou a capacidade do terminal, que é de 16 milhões de passageiros por ano. "E se somarmos metade do que está previsto para ser transferido de Congonhas, de 2,5 milhões de passageiros, ultrapassará essa capacidade."   O especialista pede ainda a elaboração de um estudo sobre os impactos do Aeroporto de Congonhas na economia. "Após o 11 de setembro, criou-se uma discussão sobre o Aeroporto Reagan, em Washington. Mas, antes de qualquer medida, foi feito um estudo. Sem isso, corre-se o risco de tentar corrigir um erro com outro."

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