
11 de maio de 2010 | 00h00
Os gritos e apelos para que os quatro policiais militares parassem de bater no filho, o motoboy Alexandre Menezes dos Santos, foram ouvidos a pelo menos cinco ruas de distância, na madrugada de sábado, na Cidade Ademar. Ontem, com a garganta dolorida e a voz pastosa por causa de calmantes, Maria Aparecida Menezes, mãe de Alexandre, pedia Justiça.
"Foi homicídio doloso - e não culposo. Os policiais quiseram matar meu filho e eu pedi para que eles parassem. Mas eles não escutaram."
Aparecida estava revoltada com as versões apresentadas pelos policiais para justificar o crime. Ela nega que o filho estivesse na contramão no momento da abordagem. "A rua aqui é mão dupla. Não faz sentido", diz. Também contesta que seu filho tenha furado o bloqueio da PM. "Os policiais ligaram a sirene na rua de casa. Pediram para meu filho parar e ele parou na frente do portão", diz.
A mãe de Alexandre nega ainda que o filho portava uma arma que, segundo os policiais militares, foi encontrada na cintura do motoboy quando o levaram ao hospital. "Enquanto eles batiam, caiu o celular e o documento do meu filho. Por que a arma só apareceria no hospital?", indaga.
Indenização. O advogado Fábio Pereira da Silva diz que os familiares vão cobrar a apuração e a punição dos culpados, antes de falar em indenização. Aparecida adianta que vai processar o Estado.
Ontem, na sala de casa, ela juntou o carnê de compra da moto do filho e o documento de emplacamento, para mostrar que Alexandre "não devia nada". Tiago, o neto de 3 anos, brincava sem entender a tragédia. A mulher, Flaviana, parecia perdida. Pedro, o irmão mais novo, de 13 anos, estava assustado. Viu com a mãe, impotente, o assassinato do irmão mais velho.
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