Mãe de seqüestrador ficou aliviada ao ouvi-lo, diz amigo

Lindemberg Alves conversou com a apresentadora Sonia Abrão pelo telefone e diz que vai libertar garota

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Por Marcela Spinosa
Atualização:

Um amigo da família de Lindemberg Alves, de 22 anos, que faz a ex-namorada Heloá refém há dois dias, falou que a mãe do rapaz ficou mais tranqüila na tarde desta quarta-feira, 15, ao ouvir o filho falar pela TV. "Ela ficou aliviada de ouvir a mensagem do filho", disse Fernando Pascon Duarte, de 37 anos, dono da casa onde a mãe de Alves está. Veja também: Em 2 anos, houve ao menos 3 seqüestros por relacionamento Jovem diz que vai matar ex-namorada se polícia invadir o local Garota libertada de seqüestro fala à polícia em Santo André 'Ele estava com revólver e várias balas no bolso' Segundo irmãs, rapaz nunca andou armado Alves conversou com a apresentadora da RedeTV! Sonia Abrão nesta tarde. Foi quando ele e a garota deixaram recados às famílias de que estava tudo bem. Alves disse que libertará Heloá "na melhor hora". Disse que pretende entregar as duas armas para a garota quando ela sair do apartamento e descer em seguida, com as mãos na cabeça. Durante a entrevista ele disse que dormiu e que não estava cansado. Alves também pediu informações da mãe. Já Heloá, nos poucos minutos que falou ao telefone, pediu que as exigências feita pelo ex-namorado sejam cumpridas e que a vida dela está "nas mãos os policiais". O advogado de Alves está no local desde esta manhã e não quis falar com a reportagem. A polícia proibiu os familiares e as pessoas envolvidas no caso, inclusive a outra adolescente que estava em cárcere, Nayana, de 15 anos, de falarem com a imprensa, para que as negociações não sejam atrapalhadas. Lindemberg Alves, filho caçula, tem mais três irmãs. Todos são filhos de pais diferentes. Segundo uma de suas irmãs, ele é uma pessoa calma e que sempre trabalhou, mas ficou depressivo com o fim do namoro. De acordo com ela, a família não faz idéia do porque ele fez isso e pediu que ele se entregasse e libertasse a ex-namorada. Dois dias de seqüestro O seqüestro completou dois dias e, no começo da tarde desta quarta, Heloá recebeu comida pela janela. Os alimentos foram colocados em uma trança de lençóis e puxada até o terceiro andar do prédio, pela janela do apartamento onde ela é feita refém desde às 13h30 de segunda-feira. Alves continua negociando com a polícia. Agentes do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) cercam o apartamento, em uma CDHU no Jardim Santo André, em Santo André, no ABC paulista. A polícia não fala com a imprensa e com os familiares da jovem e de Alves. Quatro policiais do Gate estão na escada entre o segundo e o terceiro andar do prédio. As negociações foram retomadas na manhã desta quarta, após serem interrompidas por volta das 23 horas de terça. Nesta manhã, uma toalha vermelha foi colocada na janela do banheiro do apartamento e, por volta das 7 horas, foi retirada pelo rapaz. Lindembergue apareceu na janela, colocou o revólver para fora, mas não disparou. Segundo a polícia, desde a tarde de segunda, quando o apartamento foi invadido, ele já disparou quatro vezes contra as pessoas que estavam em frente ao local. Para evitar que os tiros atinjam alguém, a polícia isolou a área. Além do rapaz, a ex-namorada também fez uma aparição na janela do apartamento, jogando dois sacos de lixo. Policiais do Gate que estavam no local para ajudar nas negociações estão posicionados em vários pontos do prédio, montando uma estratégia para invasão. A polícia não confirmou se os agentes do Gate irão invadir o local, mas os grupos estão posicionados ao lado do apartamento onde estão o rapaz e a refém, no apartamento de cima, no de baixo e em frente. O seqüestro O seqüestro começou às 13h30 de segunda-feira. Nayara, de 15 anos, foi libertada às 22h50 e os outros dois colegas que eram feitos reféns, ainda na noite de segunda-feira. Alves está armado com um revólver calibre 38 e uma pistola. O seqüestrador invadiu o imóvel porque estaria revoltado com o término do namoro. Seu objetivo era ficar sozinho com Heloá. Para isso, convidou o irmão da menina, de 14 anos, para ir ao parque jogar bola, mas o deixou lá e voltou. Na hora em que o apartamento - no terceiro andar do bloco 24 - foi invadido, Heloá havia acabado de chegar da escola com Nayara, o namorado dela e um colega. Eles estudam na Escola Estadual José Carlos Antunes e iriam fazer um trabalho de geografia. "Ele disse que ela (Heloá) teve sorte de não estar só. Perguntou quem éramos e deu uma coronhada", contou João (nome fictício), 15 anos, um dos reféns. Para evitar contato com os familiares, tomou os celulares de todos e quebrou o modem do computador. Deu frutas, bolachas e água para eles jantarem. A polícia soube do caso às 20h30, porque o pai de um dos garotos, estranhando a demora do filho, foi ao prédio, bateu na porta do apartamento e ouviu Nayara pedindo para ele se afastar. Ele, então, chamou a polícia. Quando a PM chegou, Lindembergue atirou duas vezes, mas ninguém foi atingido. O Gate começou a negociação por celular. O seqüestrador também conversou com familiares das jovens. O primeiro refém, João, foi solto às 21h15. "As meninas e meu amigo pediram para ele me libertar. Estava passando mal". O segundo foi libertado às 22 horas. Na manhã de terça, Lindembergue apareceu na janela do apartamento. Durante o dia, também mostrou as garotas. Vizinhos e parentes acompanharam as negociações em frente ao prédio. Lindembergue e Heloá namoraram durante três anos. Ele desmanchava e ela reatava. Mas da última vez, ela recusou retomar o relacionamento. Os dois moram no mesmo conjunto da CDHU. "Ele disse que só sairia de lá morto, porque para a cadeia não iria", disse o comandante do Gate, Adriano Giovaninni. A polícia desligou a luz às 17 horas de terça. Lindembergue cortou as negociações às 18h50. Às 22h10 o seqüestrador pediu que a luz fosse religada e o Gate negociou a libertação de uma refém. A luz foi religada e às 22h50, quando ele soltou Nayara. (Com Robson Fernandjes, Daniela do Canto, José Dacauaziliquá e Vitor Sorano)

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