Mãe com 11 filhos vai recomeçar a vida do zero, pela quarta vez

Água teria chegado a 2 metros de altura em alguns pontos; morador diz que remoção é prometida há três anos

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Por Marcela Spinosa
Atualização:

Os moradores do entorno da Rua Delfino Facchina dizem conviver há pelo menos três anos com a promessa da Prefeitura de que sairão da área invadida para morar em locais mais seguros.Depois de ter sido oferecido a eles um benefício de R$ 5 mil, que foi substituído por um apartamento em um residencial da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e depois por uma bolsa aluguel de R$ 300 durante dois anos, ontem eles foram informados que iriam para um abrigo. "A gente nem acredita mais neles. Acho que a Prefeitura pensa que gostamos de viver aqui. Mas não saímos por falta de condições", diz a dona de casa Maria Nazaré da Silva, de 44 anos, que mora em um barraco com os 11 filhos. A chuva de anteontem fará pela quarta vez a família recomeçar do zero. "Não sobrou nada. Não temos mantimentos, roupas, móveis, nada." Segundo relatos de moradores, a água do Ribeirão dos Aterrados chegou a 2 metros de altura, invadindo as casas da vizinhança. A também dona de casa Genoveva Maria da Silva, de 52 anos, disse que toda vez que chove a região alaga. Depois do temporal de anteontem, ela, o marido e os cinco filhos foram dormir na casa de um parente. "Até quando isso? Dormi no chão e agora querem nos levar para um abrigo", reclamava ela, que mora há 20 anos no local. Remoção. Segundo os moradores, cerca de 140 famílias seriam removidas ontem pela Defesa Civil. Mas, até as 15 horas, funcionários da administração municipal só estiveram na via para retirar o lixo e a lama deixados pelo alagamento. "Estamos cansados disso e a Prefeitura não nos dá uma posição", desabafou o encarregado de elétrica Raimundo Nonato, de 45 anos, que mora na região há dois anos. "Perdi tudo na última enchente e, se não tivesse a comporta na porta de casa, teria perdido tudo ontem de novo", afirmou o morador.

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