Macarrão diz que Bruno deu ordem para matar Eliza e surpreende amigo

Braço direito do goleiro afirmou que, a mando dele, entregou jovem a desconhecido; ex-namorada confirmou que modelo foi morta

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Por MARCELO PORTELA e CONTAGEM
Atualização:

Os dois réus que são julgados em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, por envolvimento no sequestro e assassinato da modelo Eliza Samudio, de 24 anos, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, confirmaram que ela está morta. O depoimento do braço direito do jogador, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, surpreendeu até o ex-atleta.Ontem, a ex-namorada de Bruno, Fernanda Gomes de Castro, que negou envolvimento no homicídio, admitiu que Eliza foi morta. Antes, Macarrão acusou Bruno de ter ordenado o assassinato. Hoje, serão realizados debates entre acusação e defesa e a previsão é de que até o fim da noite já deve ser anunciada a sentença de Macarrão e Fernanda.Apesar de confirmar que a denúncia de homicídio é "verdadeira", Fernanda provocou burburinho na plateia ao afirmar que "só teve certeza" de que Eliza Samudio foi executada "depois do depoimento de Macarrão", prestado por cinco horas e encerrado às 4h13 de ontem. Ele alegou que entregou a amante do jogador para um desconhecido na região da Pampulha, em Belo Horizonte, a mando de Bruno, já "pressentindo" que ela seria executada. "Guardei tudo 2 anos, 4 meses e 22 dias. Não aguentava mais porque não sou esse monstro que todo mundo colocou. Não sou o Luiz Henrique traficante, que acabou com a vida do Bruno. Se alguém acabou com a vida, foi ele que acabou com a minha. Sei que agora sou X9 (alcaguete), mas minhas filhas estão crescendo. Agora sou um arquivo vivo. Tenho medo de morrer." Macarrão era o responsável pelo controle das finanças do jogador e tinha a plena confiança de Bruno, mas ressaltou que sabia "que acabou a amizade hoje aqui". À tarde, Fernanda de Castro assumiu ter sido encarregada por Macarrão de cuidar do filho de Bruno e Eliza, quando mãe e filho foram levados para a casa do atleta, um dia antes de seguirem para Minas Gerais, onde, segundo a denúncia, Eliza foi morta. Fernanda admitiu também que seguiu com o goleiro para a região metropolitana de Belo Horizonte em um carro, enquanto Eliza era levada para o local por Macarrão e Jorge Rosa, primo do atleta, em outro veículo. Jorge cumpriu medida socioeducativa pelo sequestro e assassinato de Eliza, ocorrido quando ele tinha 17 anos, e hoje está inserido em um programa de proteção a testemunhas ameaçadas fora de Minas. Mas o depoimento de Fernanda foi contestado várias vezes pelo promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos, que apontou uma série de contradições nas declarações da acusada em relação às provas apuradas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual (MPE). Ela negou que a vítima tivesse sido sequestrada, mas confirmou que Eliza foi mantida em um quarto com porta fechada na casa de Bruno no Rio e disse que cuidou do bebê da jovem durante toda a noite. "Ela mentiu. (Eliza) Não ia deixar o filho na mão de uma pessoa desconhecida", disparou Sônia Fátima de Moura, mãe da vítima, que acompanha o júri. Decepção. Um dos advogados de Bruno, Lúcio Adolfo Silva, encontrou-se com o goleiro na manhã de ontem na penitenciária e disse que o jogador ficou "decepcionado" com o depoimento de Macarrão. Mas, de acordo com o defensor, Bruno "compreendia" as acusações e as atribuía à pressão que Macarrão estava sofrendo desde o início do caso. O novo advogado de Bruno, Tiago Lenoir, disse que o goleiro ficou bastante surpreso com o depoimento de Macarrão. De acordo com Lenoir, Bruno não esperava que seu antigo braço direito fosse mudar radicalmente de versão. O advogado não quis dizer se o goleiro desmentiu a versão. "Ele ficou chateado com a situação, mas está bem, confiante, em termos processuais, sempre com fé em Deus. No momento oportuno, vai expor sua versão dos fatos", disse Lenoir. O goleiro também seria julgado em Contagem, assim como o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ter executado Eliza, e a ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues do Carmo, processada pelo sequestro e cárcere privado do bebê de Eliza com Bruno. No entanto, uma série de manobras dos advogados desde o início do julgamento levou ao desmembramento do processo em relação a esses acusados. Eles serão julgados a partir de 4 de março de 2013, ao lado de Wemerson de Souza, o Coxinha, e Elenílson Vítor da Silva, também acusados de envolvimento no crime. / COLABOROU ALINE RESKALLA

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