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Lojistas veem movimento abaixo do esperado em SP no 1º dia útil de reabertura do comércio

Estabelecimentos podem abrir das 11h às 19h; comerciantes criticam alto número de ambulantes na região central paulistana

Por João Prata
Atualização:

O primeiro dia de reabertura do comércio teve movimentação abaixo do esperado pelos lojistas da cidade de São Paulo nesta segunda-feira, 19. Na denominada "fase de transição" do Plano São Paulo, entre a vermelha e a laranja, os estabelecimentos puderam abrir com horário reduzido, das 11h às 19h, respeitando a lotação máxima de 25% e seguindo protocolos sanitários contra a covid-19. Representantes do setor também cobram mais fiscalização contra vendedores informais. 

Alfredo Cotait, presidente da Federação das Associações Comerciais de São Paulo (Facesp) e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), considerou a volta satisfatória. "Foi um bom começo. No centro, principal local de compra da cidade, os informais estão ocupando as ruas e atrapalhando acesso aos lojistas."

Lojistas de São Paulo relatam movimento baixo no primeiro dia útil da 'fase de transição' na capital Foto: EFE/Fernando Bizerra

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Fauze Yunes, 46 anos, proprietário da Dinho's Jeans, disse que se assustou com as ruas cheias no Brás nesta manhã. A família tem loja na região desde que ele nasceu. Atualmente conta com 20 funcionários e, segundo ele, não precisou demitir ninguém no período da pandemia. "Quase caí para trás. Não dava para andar direito, eram muitos ambulantes e muitas pessoas sem máscara, aglomeradas."

A movimentação fora não se refletiu nas vendas em sua loja. O comerciante diz que defendeu o fechamento do comércio e é favorável ao cumprimento das medidas de segurança. Mas comentou que a concorrência com os ambulantes ficou "ainda mais desleal". 

"Abri às 11h, a movimentação foi pequena. Muita gente chega de ônibus muito cedo, às 4h, vem de outras cidades para comprar e tem horário para ir embora. Essa pessoa acaba comprando do camelô que já estava lá", disse.

Luto

A reabertura na Dejelone Confecções ficou marcada pelo luto. A loja no centro de São Paulo perdeu um de seus funcionários, que estava havia 15 anos na empresa, para a covid. Lauro Pimenta, o proprietário, disse que o empregado estava de férias e havia passado por cirurgia recentemente. "É um dia bem triste para nós hoje. Nunca passamos por nada parecido."

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As vendas, segundo ele, continuam abaixo do esperado. Pimenta fez uma comparação com a reabertura da primeira onda da crise sanitária, quando havia uma demanda reprimida e houve um aumento nas vendas. Agora, ele disse que o retorno foi menor, com os fregueses tentando negociar mais os preços das mercadorias. "Os clientes que vieram estavam buscando negociar, mais limitados na questão orçamentária." Por essas dificuldades, precisou recentemente demitir quatro funcionários.

Fabio Pina, assessor econômico da Fecomércio, acredita que o menor interesse dos consumidores neste início foi por motivos econômicos e também por uma mudança de comportamento. "No primeiro momento era curva de aprendizado do ponto zero. As pessoas tinham dificuldade para comprar. Neste momento, quase um ano depois, não há mais essa dificuldade. No ano passado, tivemos também auxílio emergencial. Esse ano, o auxílio vai ser menor e ainda não chegou. O mais importante é que não aconteça de forma atabalhoada, que seja retomada aos poucos, para não haver risco de retrocesso."

Especialistas classificaram a flexibilização de regras feita pela gestão João Doria (PSDB) como precoce. De acordo com eles, a queda no isolamento social pode elevar novamente as taxas de contágio e pressionar a rede de saúde. No sábado, 24, poderão reabrir restaurantes, bares, academias e museus. 

Cotait diz que a expectativa é boa porque se aproxima o Dia das Mães, no segundo fim de semana de maio. "É o principal evento do primeiro semestre. O momento de abertura é muito importante. Os varejistas se planejam e se organizam para o Dia das Mães. Muita gente está com mercadoria estocadas esperando por essa data."

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