Livros raros roubados do Instituto de Botânica estavam no lixo

Obras haviam sido roubadas do Instituto de Botânica em fevereiro

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Por William Cardoso
Atualização:

SÃO PAULO - Os 22 livros raros roubados do Instituto de Botânica, na zona sul de São Paulo, em 2 de fevereiro, foram recuperados exatamente dois meses depois, na segunda-feira à noite. A polícia prendeu um integrante da quadrilha e encontrou os exemplares jogados em sete sacos de lixo na Rua Ramon Penharrubia, no Paraíso, região sul, nas proximidades da Avenida 23 de Maio.

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A polícia monitorava o autônomo Carlos Xavier de Araújo Lima, de 38 anos, integrante da quadrilha acusada do roubo, e conseguiu prendê-lo quando deixava uma academia no Bom Retiro, também na região central. Lima tem passagem por roubo, estava foragido da Justiça desde abril de 2010 e, segundo a polícia, participaria de uma negociação envolvendo os livros que ocorreria na rua onde foram deixados.

"Ele foi detido e, portanto, não apareceu para fazer o contato, o que deve ter chamado a atenção dos demais. Mandamos viaturas descaracterizadas até o lugar onde os livros seriam mostrados para flagrar os outros. Os bandidos provavelmente notaram a movimentação, descartaram o material e fugiram", disse o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Nelson Silveira Guimarães.

O diretor do Deic diz que Lima faz parte do grupo responsável por executar o roubo, mas não por planejá-lo. "Certamente ele não é o depositário de todas as informações", disse. "Temos mais quatro pessoas identificadas."

Duas viaturas seriam deslocadas para levar até o instituto os 11 volumes de Flora Fluminensis, cinco de Sertum Palmarum Brasileinsium, dois de Le Bambusées e exemplares de Graminearum Genera, Herbarium Amboinense, Plantarum Brasiliae e Flora Brasilica. Aparentemente, as obras estão intactas.

Em julho, a Polícia Federal alertara o instituto que escutas haviam flagrado presos no Rio de Janeiro conversando sobre o acervo, que interessaria a livreiros do exterior. O diretor do Deic, porém, duvida que o roubo tenha sido planejado fora de São Paulo.

Alívio. Funcionários do Instituto de Botânica demonstraram alívio com a recuperação dos livros. "Nosso medo era que colocassem fogo em tudo para se livrar da prova do crime", afirmou a bibliotecária Maria Helena Gallo.

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A diretora do instituto, Vera Bononi, disse que livreiros do exterior estimaram em US$ 60 mil alguns exemplares roubados. "As figuras é que poderiam interessar. Os textos estão na internet." Vera explicou que, depois do aviso da PF, em julho, reforçou a segurança, mas ainda assim o local foi assaltado.

Para roubar os livros, que estavam guardados em uma sala com grades e câmeras de vigilância, dois homens armados renderam dois seguranças, três funcionários e dois estagiários. Antes, os ladrões almoçaram no restaurante do Instituto de Botânica. Depois, entraram na biblioteca, fizeram consultas e anunciaram o assalto.

Desde então, o instituto aumentou as restrições de acesso à área dos bibliotecários e contratou uma empresa de análise de segurança.

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