Linha 4 do Metrô em SP passou por milhares de testes nos últimos meses

Duas estações abrem nesta terça-feira; ajustes nos softwares foram feitos na fase experimental

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Por Redação
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SÃO PAULO - Prevista inicialmente para o fim de março, mês em que o ex-governador José Serra deixou o cargo para disputar a Presidência, a inauguração da Linha 4 - Amarela, que começa a funcionar amanhã, foi adiada em quase dois meses por causa de um extenso protocolo de testes de novos sistemas e softwares específicos do novo trecho - que terá várias novidades e será o mais moderno do sistema metroviário paulistano, e o primeiro operado em sistema de concessão.

 

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Duas estações abrem nesta terça-feira: Paulista (na Rua da Consolação) e Faria Lima (no Largo da Batata, em Pinheiros), em uma extensão operacional de 4,9 km e que funcionará, pelo menos até setembro, em operação assistida apenas entre 9h e 15h. Por até três semanas, os passageiros poderão viajar gratuitamente nos trens novos, fabricados na Coreia do Sul.

 

Metrô, Secretaria de Transportes Metropolitanos e Consórcio Via Quatro, o responsável pela operação da nova linha pelos próximos 30 anos, fizeram mistério absoluto sobre os procedimentos de testes. Um dos problemas, no entanto, consistiu em pequenas falhas de sincronização entre as portas das composições e as portas das plataformas, que se abrirão juntamente com as dos trens. Pela primeira vez, essas portas são utilizadas em uma linha toda na capital.

 

Nas fases iniciais, o software que controla remotamente as composições, que trafegarão sem operadores nas cabines - sistema conhecido como driveless (sem condutor) - vinha fazendo com que os trens parassem alguns milímetros deslocados da posição das portas.

 

Partes de tal programa de computador tiveram que sofrer pequenas alterações de modo a sincronizar as composições perfeitamente com as portas. "De 1.000 paradas, 998 têm que estar perfeitas. Se fossem 997, não liberaríamos a abertura", apontou o secretário, na última quinta-feira.

 

Outros acertos tiveram que ser feitos entre os links de dados de trens e estações e outros pacotes de softwares que compõem o sistema conhecido como CBTC - Communication-based Train Control, ou sistema de controle de trens com base em comunicação.

 

Diferentemente das linhas de Metrô e ferrovias normais, que operam todo o movimento de trens por meio de sinalização analógica, com as cores verde e vermelha (sinais que são conectados por meio de cabos a um centro de controle operacional) a operação por CBTC é baseada "na via", por meio de sinais eletrônicos.

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É como se um trem falasse diretamente com o que vem atrás, e assim por diante, por meio de uma rede de transponders e antenas, via rede sem fio de alta velocidade - a "rede" da linha, que permite inclusive dispensar o operador, como será feito na Linha 4 paulistana. O sistema da linha, sim, é que está conectado a um centro de controle remoto.

 

Essa comunicação, que ocorre em mão dupla (de e para cada trem), permite fazer com que as composições possam trafegar com distâncias de até 15 metros entre uma e outra, em vez de 150 a 200 metros, como num sistema tradicional, pois a precisão na localização de cada trem é muito maior. Assim, o intervalo entre trens também pode ser bem menor do que nos sistemas tradicionais, o que deve ocorrer com os ajustes finos nas operações, daqui a alguns meses.

 

Segundo o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, não houve propriamente "atraso" na abertura da Linha Amarela, e sim a necessidade de comprovar o funcionamento dos novos equipamentos com total segurança. "Recebi relatórios diários sobre todos os testes", disse. De acordo com ele, a data de março nunca foi oficial. "Falaram porque era o mês em que o Serra deixaria o governo."

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