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Limite de velocidade nas ruas de São Paulo ainda não é consenso

Especialistas e governantes divergem sobre relação com queda de mortes no trânsito na capital paulista

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Por Redação
Atualização:

Tratado como um dos temas centrais da disputa eleitoral para a Prefeitura de São Paulo, a discussão acerca da velocidade máxima nas ruas e avenidas da cidade está longe de ser unanimidade. Antes de outras vias da capital, a medida foi implementada inicialmente pelo prefeito Fernando Haddad (PT-SP) nas Marginais do Tietê e do Pinheiros, em julho de 2015. 

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De acordo com levantamento feito pelo Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga), a queda de acidentes com morte na capital entre janeiro e agosto de 2016 foi de 16,7%, enquando no resto do Estado a taxa foi de 5,5%. 

Na divulgação destes dados, Dirceu Rodrigues Alves Júnior, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Trânsito (Abramet), destacou as chances de óbito em colisões com diferentes velocidades. “Se o carro está a 32 km/h, o acidente é capaz de produzir morte em 5% dos casos. Se está a 45 km/h, já sobe para 48%. E se o veículo está a 64 km/h, vai produzir óbito em 85% dos casos”, informou. “A velocidade é o primeiro fator de letalidade dos acidentes. A energia cinética de um carro em alta velocidade é muito maior."

Também neste mês de outubro, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) divulgou que, entre julho de 2015 e junho de 2016, 31 acidentes fatais foram registrados nas Marginais, contra 64 nos 12 meses anteriores, representando uma redução de 51,6%. Nos últimos 12 meses, apenas um atropelamento ocorreu nas nessas mesmas vias, diante de 24 no período anterior, de acordo com o jornal Folha de S.Paulo

Em março deste ano, a CET ainda informara que nos 12 meses de 2015, 992 mortes haviam acontecido no trânsito de São Paulo, representando diminuição de 20,6% em relação ao ano anterior, quando houveram 1.249 registros.

Outro lado. Candidato à reeleição, Haddad apresentava a medida como principal fator para a diminuição de mortes no trânsito. Por outro lado, a Secretaria de Segurança Pública da gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) alegou, em 2015, que a queda nos acidentes na capital se devia ao “aumento da fiscalização em ruas e rodovias estaduais”. Outros especialistas ainda creditam essa redução de acidentes à crise econômica e à diminuição de viagens feitas na cidade. 

Durante a campanha de 2016, o prefeito eleito João Doria (PSDB-SP) afirmou, em entrevista à Rádio Estadão, que a relação entre a queda nos acidentes e a diminuição da velcidade se trava de uma "falácia". À ocasião, Doria ainda afirmou que aumentaria a velocidade nas Marginais do Tietê e do Pinheiros na primeira semana do seu mandato. 

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Após protesto, o prefeito eleitoJoão Doria pedala com cicloativistas na ciclofaixa da Avenida Faria Lima. Foto: Felipe Rau

Nesta semana, no entanto, em encontro com ciclistas, o político do PSDB voltou atrás, admitindo que pode manter alguns trechos das vias Marginais nos atuais limites. “Onde existir comprovadamente um fluxo grande de pedestres poderemos reestudar, sim, o limite de velocidade”, declarou Doria. 

Defensor de limites de velocidade maiores nestas vias, Paulo Bacaltchuck, professor da Universidade Mackenzie disse, também ao Estado, que “não deveria ter pedestre, ambulante e ciclista andando na Marginal, que é uma via expressa projetada para carros andarem a 100 km/h. Essas passagens devem ser construídas segregadas, em pontes ou passarelas”. “As Marginais são a aorta, e a cidade tem de se movimentar", completou. 

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