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Ligação das 2 cidades, avenida vira alvo da briga

Cotia estuda mudar mão de tráfego para reduzir passagem de carros carapicuibanos

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Por Redação
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A Avenida São Camilo, na Granja Viana, é emblemática da divergência entre as prefeituras de Cotia e Carapicuíba: tem metade da extensão em cada município e é o maior alvo de reclamação dos moradores, que sofrem com o trânsito de entrada e saída. Nos horários de pico - entre 7 e 9 horas e entre 18 e 20 horas -, 2 mil carros por hora usam a via, de mão dupla, que tem menos de 8 metros de largura e 3 quilômetros de extensão. O problema, segundo a prefeitura de Cotia, é para onde os carros vão. "Eles entram pela São Camilo, que começa em Cotia, e mais da metade segue para Carapicuíba. A nossa via fica completamente entupida de carros indo para outra cidade", afirma Luís Gustavo Napolitano, antigo subprefeito da Granja Viana. O secretário de Obras e Serviços de Cotia, Benedito Simões, afirma que a Granja tem um sistema viário complexo, despreparado para tantos veículos. "Um Plano Diretor de altas densidades terá um impacto no trânsito já caótico da São Camilo." É um problema "sem solução inicial aparente", como diz Simões, que descarta a hipótese de duplicar porque implicaria desapropriações. Já a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Carapicuíba afirma que "está em andamento a duplicação de parte da avenida, bem como se prevê a construção de uma nova via ligando a São Camilo à Raposo Tavares". Essa nova via sairia pelo lado sul da São Camilo e teria de passar pelo que é hoje a área apropriada para construção dos condomínios de luxo do Alphaville Granja Viana. "Não considero muito factível", diz Simões. "Apostaria na nossa alternativa de desvio, que faria a ligação da São Camilo com a Rua do Cristo", diz. A proposta de Cotia, portanto, é uma saída pelo lado norte da São Camilo. O imbróglio pode chegar a tal ponto que se estuda até a inversão de mão da São Camilo - ela serviria somente para a saída da Granja, e a Avenida José Félix, que cruza a São Camilo, serviria como entrada para os moradores de Carapicuíba. "Não dá para a São Camilo ficar servindo de fluxo para o vizinho", diz Simões. "É uma medida extrema, que precisaria de um abaixo-assinado, uma intervenção mais forte", complementa Napolitano.Como São Paulo. O trânsito da São Camilo não está isolado. A região da Granja Viana tem uma população estimada em 27 mil moradores - e, como a área por enquanto é de bolsões residenciais, quase todas as pessoas precisam deixar as casas para trabalhar ou estudar em São Paulo. São 2 mil carros por hora nos picos da São Camilo, mais 4.800 nos mesmos horários no Rodoanel, e mais 6.500 por hora trafegando pela Raposo Tavares. Moradora da Granja há 14 anos, a bióloga Vívian Furquim acha que a qualidade de vida, o atrativo da região, deixou de existir. "Está ficando um péssimo lugar para morar. Se for para viver em um lugar como São Paulo, isolado e com custo de vida alto, melhor voltar para a capital", diz.Também morador, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Silvio Sawaya notou o crescimento do trânsito da Granja - e considera a mudança de perfil daquela região irremediável. "Não sou contra o adensamento ou a verticalização. Só acho que tem de ser feito com consciência", afirma. Até o prefeito de Cotia, Antônio Carlos de Camargo, reclama do trânsito. "Hoje, levo duas horas para ir de Cotia até São Paulo", diz. / NATALY COSTA

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