Líder afro é assassinado com sete tiros no Rio

Presidente de sociedade religiosa foi morto ao chegar em casa. No ano passado, ele denunciou perseguição religiosa

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Por Felipe Werneck
Atualização:

O jornalista cubano Rafael Zamora Díaz, de 51 anos, presidente-fundador da Sociedade de Ifá e Cultura Afro-Cubana no Brasil, foi assassinado com sete tiros na noite de anteontem quando estacionava o seu Meriva ao chegar em casa, no Cosme Velho, zona sul do Rio. O assassino fugiu. No ano passado, o líder religioso ("babalawo") teria procurado a Assembleia Legislativa, o Ministério Público do Estado e a Ordem dos Advogados do Brasil para entregar um dossiê sobre ameaças que recebera.A deputada estadual Cidinha Campos (PDT) confirmou ontem que Díaz e um advogado foram recebidos em seu gabinete, no segundo semestre de 2010. "Foi durante a campanha. Não o encontrei pessoalmente, ele foi recebido pelo meu chefe de gabinete. Na ocasião, disse que sofria perseguição religiosa e contou ter procurado a polícia e o MP. Já estava assistido, tinha feito tudo o que eu poderia fazer", disse Cidinha. Traição. O chefe de gabinete informou que o foco da conversa com o cubano foi a perseguição religiosa, mas acrescentou que "havia embutida a história de alguém traído". "Ele não falava textualmente, mas dava a entender essa preocupação." Segundo parentes da vítima, a motivação do crime teria sido passional. O filho do cubano, que morava com ele, prestou depoimento, mas não deu entrevista. O advogado do jornalista não foi localizado.A OAB do Rio informou que Díaz entregou à Comissão de Igualdade Racial, em agosto de 2010, um dossiê "de denúncias de discriminação racial e perseguição religiosa, que ainda está tramitando". Procurado pela reportagem, o MP não havia respondido até as 19h de ontem. A Divisão de Homicídios assumiu a investigação. "O dossiê está sob análise. As informações estão sendo checadas para sabermos a real motivação do crime", disse o delegado Felipe Ettore. Díaz morava no Brasil havia pelo menos 14 anos.

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