
23 de setembro de 2011 | 03h00
Uma reflexão sobre uma tragédia como essa implica considerarmos alguns pressupostos sobre a criança de modo geral e algumas hipóteses neste caso específico. De modo geral, a criança desenvolve-se a partir da interação que ela estabelece com o mundo a sua volta. Não se pode controlar o processo íntimo e singular pelo qual cada criança constrói sua identidade. Todavia, tanto a escola quanto a família podem organizar um ambiente amoroso, justo e permeado de bons exemplos que venham a favorecer uma interação saudável da criança com os pais e professores.
Neste caso em particular, a criança convivia em casa com a presença da arma, uma vez que esta era a ferramenta de trabalho do pai. Portanto, é de se esperar que ela tivesse curiosidade em manuseá-la e até mesmo exibir-se na frente de seus amigos com tal instrumento de poder, de status, uma vez que a criança aprende também por imitação.
Outro dado que se apresenta é que, se o menino já tinha um histórico de agressividade (dado não confirmado pela escola), ele pode ter se apossado da arma com a finalidade de agredir. Aos 10 anos, a criança já sabe diferenciar um brinquedo de uma arma e sabe também que um revólver pode matar.
É importante ressaltar ainda que a pessoa agredida é a professora, justamente aquela que por dever de ofício deve impor alguns limites à criança. Assim, é possível aventar duas hipóteses: uma em que a criança ao manipular a arma tenha inadvertidamente provocado um acidente; ou, ainda, procurou intencionalmente a tragédia. Em ambos os casos, a culpa o levou a se autopunir.
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