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Lei seca prende 53% por outros crimes

Durante as blitze, PMs detiveram motoristas procurados pela Justiça e já realizaram flagrantes de roubo, sequestro e porte de arma

Por Camilla Haddad
Atualização:

Flagrantes de roubo, sequestro, porte de arma, tráfico de drogas e até motoristas com dívidas de pensão alimentícia. Mais da metade das prisões feitas pela Polícia Militar durante as blitze da lei seca na capital não está relacionada à embriaguez ao volante.Desde junho de 2008, quando as operações começaram, 6.740 pessoas foram detidas pelos PMs. Desse total, 3.564 foram por crimes diversos, ou seja, 52,87%, incluindo adolescentes e procurados pela Justiça. Sob o efeito de álcool estavam 3.176 motoristas, 47,13% das prisões no período.No dia 3, uma farmacêutica foi salva de assaltantes quando passou em uma blitz na Avenida Hélio Pellegrino, na Vila Olímpia, zona sul. Ela havia sido sequestrada por três homens que, parados pela PM, foram presos na hora. Ela tinha sido abordada no Itaim-Bibi.Nas operações que tentam garantir um trânsito menos violento nas ruas de São Paulo também foram apreendidas 110 armas, a maioria pistolas e revólveres calibre 38, com munição. Duzentas e treze armas brancas, como facas, punhais e de brinquedos, estão na lista. Elas estavam em porta-luvas e porta-malas ou com os motoristas.Segundo dados da PM, 13.469 blitze foram feitas desde 2008. Cada uma delas tem a participação de aproximadamente 14 policiais militares. A média de permanência em cada trecho no entorno de bares e restaurantes é de até uma hora e meia, mas algumas vezes pode ser menor. Essa é uma tática adotada pela PM desde o ano passado para pegar motoristas que fogem das blitze trocando informações pela internet.Olhar. A ampliação do horário das operações para as 6h, no mês passado, também deve contribuir para o aumento de apreensão de armas e prisão de envolvidos em outros crimes. "Seja qual for a operação, o olhar do policial sempre estará direcionado aos crimes, pois é a missão original da Polícia Militar", afirma o capitão Emerson Massera, porta-voz da PM."Esses bloqueios existem para fiscalizar qualquer tipo de infração, mas são instalados em locais de maior incidência de acidentes de trânsito e de existência de bares, para que seja possível focar a embriaguez ao volante como conduta irregular principal a ser identificada", explica Massera.Para a estudante A.J., de 26 anos, que já soprou o bafômetro duas vezes e foi multada em uma delas, as blitze são válidas porque ajudam a identificar crimes à noite. "Às vezes, é um carro, com tudo escuro, e a pessoa está como vítima. Só seria flagrado em uma blitze mesmo." Ela, porém, critica algumas ações, como vistorias no veículo. "Tem policial que quer olhar tudo, acho que tem um limite", afirma.De acordo com o advogado criminalista Leandro Sarcedo, não há ilegalidade na forma de abordagem dos policiais. "O motorista pode se negar a fazer o teste, mas não pode impedir que os policiais olhem seu carro", afirma. Apesar disso, o advogado acredita que a busca acaba, atualmente, causando certo constrangimento.Em relação aos números de prisões por outros crimes, o advogado diz que era esperado, pois as operações têm aumentado a cada dia. Ele também acredita que a tecnologia tem sido importante para o registro de flagrantes não relacionados à embriaguez. "As viaturas têm tablets, que pesquisam tudo. Dá para saber se tem mandado de prisão ou outros problemas.

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