Duas mulheres morreram anteontem à noite em Guarulhos, na Grande São Paulo, após o carro em que estavam ser atingido por um Honda Civic a 140 km/h. O veículo havia sido roubado e estava sendo perseguido pela polícia. O impacto da batida fez um bebê de 9 meses, filho de uma das vítimas, ser arremessado pela janela do carro. Ele ficou ferido, mas passa bem. Um suspeito morreu e dois foram detidos.A ocorrência começou na zona norte de São Paulo. Eram 18h, quando uma empresária de 44 anos teve o Civic roubado na Rua Joaquina Ramalho, na Vila Guilherme. Ela disse que foi cercada por três garotos armados. No momento, o neto dela estava no veículo. Ela conseguiu retirar a criança do Civic e saiu correndo, com medo de que os assaltantes a obrigassem a dirigir o carro.Horas depois, às 23h, já em Guarulhos, a PM suspeitou de três adolescentes em um carro de luxo na Avenida Emílio Ribas. Depois de pesquisar a placa, os policiais verificaram que se tratava de um veículo roubado e começaram a perseguir o Civic. Mais de três viaturas participaram da ação.Na fuga, os suspeitos entraram na Avenida Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, na Vila Augusta. Naquela hora, passavam pelo local, em um Voyage, a propagandista Rafaela Francisconi, de 27 anos, o filho dela, de 9 meses, e a sua cunhada, Natália Broglio Murillo, de 23. Elas haviam acabado de sair de uma igreja. O carro das jovens foi atingido pelo Civic e capotou. Natália morreu no local e Rafaela foi levada ao Hospital Padre Bento, mas não resistiu. Também socorrido, o bebê passou por uma série de exames. Ele sofreu ferimentos leves e não corre risco de morte.Detidos. Um adolescente de 15 anos, suspeito de participar do roubo do carro, morreu no local. Ele estava no Civic. Outros dois garotos, de 12 e 15 anos, foram apreendidos. Eles foram reconhecidos pela empresária dona do carro roubado.O adolescente de 15 anos negou ter participado do roubo e afirmou à polícia que foi convidado por amigos para um passeio de carro. O outro disse que não tinha envolvimento com o caso. Um deles ficou à disposição da Justiça e outro foi levado para a Fundação Casa, antiga Febem.O major Marcel Soffner, porta-voz da PM, disse que a perseguição não faz parte da doutrina da corporação. O que ocorre nesses casos é o chamado acompanhamento e tentativa de cerco. De acordo com o oficial, no acompanhamento são passadas coordenadas via rádio para possibilitar o apoio de outras viaturas. Segundo ele, uma sindicância vai avaliar a conduta dos policiais. Perfil. Segundo amigos e parentes das vítimas, as duas jovens eram muito unidas. Elas faziam uma série de planos para o futuro. Rafaela organizava a festa de um ano do bebê e trabalhava em uma empresa de medicamentos havia dez anos. Natália ia se casar em novembro com o irmão de Rafaela, que estava fora do País e voltou ontem.O representante comercial Flávio Cicarelli, de 34 anos, trabalhava com Natália havia dez anos. "Ela era muito carinhosa e amiga com todos. Entrou na empresa ainda como estagiária", disse. "Foi uma fatalidade. O difícil é que a gente sabe que eles ficam presos e depois saem.""A violência atualmente está muito diferente. É muita agressividade. Elas só voltavam para casa", disse Ronald Vernier, de 41 anos, um dos chefes de Natália. As vítimas serão enterradas hoje no Cemitério Memorial, às 9h, em Guarulhos.