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Kassab visita Paraisópolis na abertura da 'Virada Social'

Segunda maior favela da capital - que tem cerca de 80 mil moradores - está ocupada por policiais militares

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Por Redação
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Quinze dias depois do conflito na Favela de Paraisópolis, a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social promete uma "Virada Social" na comunidade. O anúncio oficial do programa foi feito na manhã desta quarta-feira, 18, e teve a presença do prefeito Gilberto Kassab (DEM). A segunda maior favela da capital paulista - que tem cerca de 80 mil moradores - está ocupada por policiais militares do Comando de Operações Especiais (COE). São cerca de 400 homens da PM, 20 cavalos, 100 viaturas e 1 helicóptero. Até poucos dias atrás, as revistas eram frequentes. Na segunda, policiais monitoravam o movimento e tentavam ganhar a confiança dos moradores com atendimento odontológico em um posto da PM, na Praça Moacir Nicodemus. Passaram pela triagem 78 pessoas. Desde que estão ali, os PMs já fizeram até parto e procissão na favela. E falam em promover uma virada cultural. "Para mim, não mudou nada com a polícia aqui. Só que a gente fica mais assustada. Isso, sim", diz Maura dos Santos, de 37 anos, que acompanhava a filha de 10 na aula de artes em uma ONG. "Ela costumava ir sozinha, porque é perto, mas agora não tenho confiança. É muita arma", afirma Maura. Aborto A onda de vandalismo, no dia 2, detonada pela morte de Marcio Purcino e a prisão de Antonio Galdino de Oliveira, cunhado de Francisco Antonio Cesário da Silva, o Piauí, um dos líderes do PCC, deixou marcas que alguns moradores não vão esquecer. Quando viu a confusão, Maria Cícera colocou as mãos sobre a barriga de cinco meses, tentando acalmar o bebê e passou a rezar para que a gravidez, de risco, chegasse até o fim. O sonho da babá de 27 anos é ser mãe. De um menino. Talvez conseguisse se as imagens daquela segunda-feira não tivessem feito o coração acelerar. "Veio uma falta de ar, fiquei tonta e senti as contrações", lembra. Maria Cícera abortou. Foi levada às pressas para o hospital e lá descobriu que perdera um menino. Duas semanas depois, ela está sem trabalhar, sendo cuidada pela mãe. "Só quero que tudo volte ao normal." Em visita à comunidade, no sábado, o secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, prometeu fazer mais: "Paraisópolis voltará a ser um paraíso." No que compete à sua pasta, no entanto, os resultados da Operação Saturação são pífios se comparados a 2008, quando a favela bateu recorde de apreensões - 8,5 toneladas de maconha apreendidas em um único dia pela 6ª Companhia do 16º Batalhão. Desde o dia 2, a polícia fez 10.642 revistas e encontrou 3,4 quilos de maconha, 337 gramas de cocaína, 1,3 kg de crack e 4 armas. (Com informações de Adriana Carranca, de O Estado de S. Paulo)

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