PUBLICIDADE

Kassab quer laudo ''antitombamento'' para área do Itaim

Prefeitura pede ao DPH estudo de quarteirão para levar ao Condephaat. Ideia é contrapor material apresentado por moradores

Por Fabio Mazzitelli
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo encomendou ao Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) do Município um laudo técnico sobre o quarteirão cultural do Itaim-Bibi para se contrapor àquele que provocou, em abril, a abertura do processo de tombamento da área no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). O pedido de tombamento é a grande barreira para o plano da Prefeitura de vender o terreno à iniciativa privada.A ideia da gestão Gilberto Kassab (sem partido) é apresentar o laudo em uma reunião do Condephaat ainda neste mês, acompanhado de um projeto detalhado dos planos para o terreno. Na semana passada, visitaram o quarteirão uma arquiteta e Walter Pires, diretor do DPH e vice-presidente do Conpresp, conselho municipal de preservação do patrimônio.Embora o laudo ainda não tenha sido concluído, os técnicos da Prefeitura já sinalizaram que o trabalho vai ser diferente do laudo que pediu o tombamento. A arquiteta que foi ao local afirmou a colegas que os equipamentos públicos instalados no quarteirão foram "descaracterizados" ao longo do tempo com várias reformas, o que inviabilizaria um tombamento.É a mesma opinião do secretário municipal do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, Marcos Cintra. "Acredito que não haja nenhum valor arquitetônico ali para o tombamento. Se houver, vou aplaudir", diz ele, que relaciona o tombamento a uma reação ao plano da Prefeitura. "Aquele imóvel nunca foi objeto de interesses desse tipo. Não tenho dúvida de que isso (o pedido de tombamento) apareceu como mecanismo de defesa."Patrimônio. O laudo apresentado pelos moradores ao Condephaat apresentou características do quarteirão que destacam valores culturais, históricos e arquitetônicos da área.Segundo o documento, o quarteirão do Itaim abrigou a residência da família Couto de Magalhães, fundadora do bairro, e o prédio onde hoje está a creche tem esquadrias originais da casa da família, com um entorno de palmeiras imperiais da época.A Biblioteca Anne Frank, instalada em um prédio recém-reformado, foi a primeira biblioteca de bairro da cidade e foi construída no quarteirão a pedido do escritor Monteiro Lobato, que teria ajudado a escolher o local. "Esse conjunto do quarteirão, com escola, biblioteca e área de recreação, faz parte de um conceito de escola-parque de Anísio Teixeira (precursor do modelo de educação em tempo integral)", diz a arquiteta Vanessa Kraml, autora do laudo apresentado pelos moradores.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.