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Kassab e Serra se contradizem sobre enchentes em São Paulo

Prefeito nega falhas nas bombas de água das Marginais, apontado por governador como causa de alagamentos

Por Ana Conceição
Atualização:

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e o governador do Estado, José Serra (PSDB), entraram em contradição nesta quarta-feira, 9, ao explicarem os motivos do alagamento das marginais do Tietê e do Pinheiros durante as fortes chuvas de ontem. Em evento de inauguração do Ambulatório Médico de Especialidades (AME), em Heliópolis, o prefeito Kassab afirmou categoricamente não ter havido falhas no sistema de bombeamento de água das Marginais, o que foi confirmado por Serra.

 

Segundo Kassab, a informação de que teriam ocorrido problemas partiram de pessoas que querem opor o governo estadual ao municipal. "Não houve falha de bomba. As pessoas querem fazer intriga, mas Estado e município trabalham em conjunto", disse.

 

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Mais tarde, após a inauguração do empreendimento, o governador Serra confirmou ter havido problemas no sistema de bombeamento da Usina de Traição, no Rio Pinheiros. "Realmente o equipamento não funcionou na hora em que foi acionado. Mesmo que tivesse funcionado, sem dúvida haveria enchentes por causa do grande volume de chuvas", explicou.

 

O problema de drenagem das águas da chuva também foi confirmado pela secretária estadual de Saneamento e Energia de São Paulo, Dilma Pena. Ela explicou que na Usina de Traição ocorreu um defeito em uma peça chamada pistão, que aciona o combustível para o funcionamento da bomba. Isso fez com que o sistema hidráulico que move o equipamento não funcionasse. "O problema está sendo reparado e, na próxima semana, a bomba estará em operação", assegurou.

 

De acordo com a secretária, se a bomba tivesse funcionando, ainda assim haveria transbordamento do rio na região da Cidade Universitária. Quanto à Ponte das Bandeiras, na Marginal do Tietê, Dilma explicou que o muro de arrimo que protege a pista da Marginal contra a passagem de água, cedeu, mas esse problema já foi resolvido.

 

A secretária negou que o cronograma de construção de piscinões - sistemas que retêm a água da chuva - esteja atrasado. Dos 134 previstos no projeto inicial, apenas 45 foram concluídos. "Não é fácil encontrar áreas disponíveis para instalar os piscinões dentro da região metropolitana, mas a implantação deles está dentro do curso normal", minimizou.

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SEM CAOS

 

Apesar de criticado, o prefeito Kassab voltou a afirmar que não houve caos após as chuvas de ontem e que cidade vive "um bom momento" em seu sistema de planejamento de drenagem. "O que tivemos foi uma chuva intensa, localizada, e o transbordamento do Rio Tietê. Não foi o caos porque duas horas depois a cidade estava voltando à sua rotina."

 

O prefeito creditou o alagamento das marginais ao excesso de chuva e ainda disse que o plano de emergência para situações de enchente funcionou a contento. Questionado sobre a redução dos investimentos contra enchentes na cidade, Kassab negou que tenha havido queda de recursos.

 

"O que a imprensa mostrou é a comparação dos investimentos com o orçamento. Há projetos com maturação mais longa." Ambos, prefeito e governador, argumentaram que as obras estão resolvendo os problemas. "Alguns locais responderam bem ao volume de chuva por causa dos investimentos", disse Kassab, referindo-se aos córregos Aricanduva e Pirajuçara. Já Serra afirmou que nunca antes foram feitos tantos investimentos no Estado nessa área. "Nunca se investiu tanto contra enchentes em São Paulo", afirmou.

 

RESPOSTA

 

À noite, a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo divulgou nota afirmando que não houve contradição entre declarações de Kassab e Serra a respeito do funcionamento do sistema de bombeamento das Marginais.De acordo com a nota, o prefeito referiu-se hoje, especificamente, ao sistema da Ponte das Bandeiras, localizada na Marginal Tietê, ao afirmar que não houve falhas de bombeamento. O governador, por sua vez, falava de problemas do sistema da Usina Elevatória de Traição, na Marginal Pinheiros. "São assuntos distintos", afirma o comunicado.

 

Texto atualizado às 20h58.

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