Justiça solta rapaz que beijou garoto

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Por Paulo Sampaio
Atualização:

Antes mesmo de ouvir a defesa ou aguardar a manifestação do Ministério Público, o juiz Davi Capelatto, do Departamento de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça (Dipo), concedeu liberdade provisória ao estudante W., de 18 anos, preso na quarta-feira por beijar um garoto de 13 no Santana Parque Shopping. Capelatto considerou que a prisão cautelar do estudante mostrou-se exagerada. De acordo com o juiz, não há circunstância que indique que a liberdade de W. colocará em risco a ordem pública, a instrução criminal e a eventual aplicação da pena. W. foi enquadrado no crime de estupro de vulnerável pela delegada plantonista do 13.º DP Silvia Fagundes Theodoro. Ela não quis dar entrevista. O inquérito volta para o Ministério Público, que pode arquivá-lo, denunciar W. por achar que há provas para processá-lo ou pedir mais investigações. Especialistas afirmam que, apesar de ser o mais velho, W. não tem necessariamente amadurecimento para enfrentar o transtorno de uma prisão por causa de um beijo no shopping. "Os adolescentes podem ter mais acesso à informação, mas não significa que estejam experientes para lidar com situações adversas", diz o clínico geral Maurício de Souza Lima, que atende jovens entre 10 e 20 anos.Para o médico, a prisão foi o ponto mais crítico das últimas 48 horas de W. "Mas a situação anterior, de ser abordado por seguranças, encaminhado à delegacia, interrogado, todo esse transtorno, é pesado para pessoas de qualquer idade. E, agora, como vai ser à volta à escola? Como ele vai entrar na sala de aula?"W. faz cursinho em uma turma de 140 alunos. Paga cerca de R$ 1 mil de mensalidade. De acordo com colegas de classe, ele se senta nas primeiras filas e raramente falta às aulas. Quer prestar vestibular para Engenharia.

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