Justiça manda afastar professora acusada de agredir crianças em SP

Pai fez reclamação e outras professoras também relataram agressões; casos ocorreram em Paranapanema

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - Em decisão liminar divulgada nesta terça-feira, 28, a Justiça determinou o afastamento de uma professora acusada de maltratar os alunos de uma creche municipal, em Paranapanema, interior de São Paulo. Entre as vítimas está uma criança autista. O afastamento foi pedido pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), com base em investigação segundo a qual a ré vinha agredindo as crianças desde 2016. A defesa da professora Kelli Cristina Sene informou que vai entrar com recurso.

A professora acusada de agressões a crianças atuava em duas creches da rede municipal de Paranapanema, interior de São Paulo Foto: Prefeitura de Paranapanema/Divulgação

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De acordo com petição assinada pelo promotor Marlon Roberth de Sales, o pai de uma criança autista aluna de Kelli relatou que, em 2016, o filho “teve uma mudança repentina de comportamento, ficando sempre nervoso e às vezes chorando quando se aproximava o horário de ir para a escola”. Segundo o relato, a criança voltou para casa duas vezes com arranhões em seu corpo. Questionado sobre o que tinha acontecido, o menino disse que “a tia Kelli tinha feito isso com ele”.

Conforme o MPSP, ainda em 2016, professoras e monitoras relataram à coordenação da unidade terem presenciado agressões da professora contra duas crianças. Em um dos casos, a educadora puxou o colchonete onde estava uma criança, que bateu a cabeça. Em 2017, o Conselho Tutelar recebeu denúncias de mães relatando que seus filhos estavam sofrendo agressões físicas e psicológicas dentro da escola da Serrinha da Prata. “Segundo o apurado pelo Conselho Tutelar, a professora Kelli gritava muito com os alunos, não os deixava ir ao banheiro e teria dado tapa em um deles”, diz a ação.

Este ano, o Conselho recebeu denúncias de agressões físicas e psicológicas cometidas pela professora contra crianças na creche Eni Franco Larini II. Outras funcionárias confirmaram que Kelli dava chacoalhões nos alunos e os forçava a dormir “pressionando-as com a força das pernas”. A promotoria pediu também que a professora seja condenada pela lei de improbidade administrativa, que resulta em perda da função pública.

A prefeitura de Paranapanema informou ter recebido, na manhã desta quarta-feira, 29, a notificação da Justiça para o afastamento da servidora. Conforme o município, a professora já foi afastada de suas funções. A prefeitura informou ainda ter tomado ciência das denúncias contra a educadora em março deste ano, através do Disque 100, canal de denúncias anônimas, e instaurou sindicância para averiguação dos fatos. As investigações estão em andamento. A professora não deu retorno aos contatos feitos pela reportagem. Sua defesa informou que ela alega inocência e está se defendendo nas esferas judicial e administrativa.

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