O juiz Victorio Giuzio Neto, da 24ª vara Federal derrubou na tarde de ontem, 8, a portaria da Prefeitura que determinava a saída dos comerciantes da Feira da Madrugada, no Brás. Publicada no dia 30 no Diário Oficial, ela determinava que eles deveriam deixar o local até a meia noite de amanhã. Durante a manhã de ontem, 8, a reportagem constatou que alguns já começavam a se retirar da feira e a maioria se preparava para deixar o local depois desse fechar, às 16h.Na decisão liminar, o juiz destaca que a feira nunca apresentou problemas graves em nove anos de existência e argumenta que o fechamento da Feira da Madrugada poucos dias antes do Dia das Mães poderia perturbar a “paz social”. “O “Dia das Mães” corresponde a um segundo natal para o qual os comerciantes já se preparam, afigurando-se como pouco razoável exigir o fechamento da “Feira da Madrugada” poucos dias antes daquela data, com a desocupação total dos boxes e ausente possibilidade efetiva de instalação em outro local”.A Prefeitura informou em nota que enviou ao Corpo de Bombeiros um questionário para "analisar a viabilidade do cumprimento da liminar da Justiça Federal". Com base nas respostas, deve se posicionar sobre a decisão.Na decisão, Giuzio reconheceu o laudo dos bombeiros segundo o qual a instalação da feira é irregular, mas afirmou que é possível a regularização sem que os comerciantes saiam da área. Segundo ele, "a interdição total da Feira, a pretexto de irregularidades relativamente pontuais e solucionáveis de imediato, conforme comerciantes propõem é equivalente a fechar um Shopping Center porque duas ou três lojas nele instaladas encontram-se com extintores vencidos ou instalações elétricas irregulares de irregularidades relativamente pontuais e solucionáveis de imediato" . Em reunião na manhã do dia 7 com associações que disputam a representação dos comerciantes, o secretário de Trabalho e Empreendedorismo, Eliseu Gabriel, disse que os bombeiros teriam vetado a permanência dos comerciantes no local durante as obras.A decisão determina também que os comerciantes devem, em 48 horas a partir da publicação, fazer algumas reformas prioritárias, como reabertura de saídas de emergência, retirada dos botijões de gás irregulares, recapeamento de fios expostos e remoção de coberturas inflamáveis. Depois de 72 horas os bombeiros devem realizar uma vistoria no local.Segundo Marcos Sabino, representante da Comissão dos Comerciantes da Feira da Madrugada Pátio Pari (Cofemapp), uma das principais que atuam no local, os comerciantes estavam dando uma “volta olímpica” na feira enquanto comemoravam a decisão. Ele afirma que está sendo planejada a reforma emergencial da área e uma adequação completa a longo prazo. Repercussão. O comerciante Thiago da Silva, que tem um box na feira, havia alugado um outro espaço por R$ 280 semanais assim que boatos sobre seu fechamento surgiram. Ainda cauteloso quanto à decisão da Justiça, ele vai aguardar antes de cancelar o aluguel. Outros não tiveram tanta sorte. A perspectiva da retirada da Feira da Madrugada - que contou com o envolvimento pessoal do prefeito Fernando Haddad como dos secretários Eliseu Gabriel e Chico Macena das pastas de Trabalho e Empreendedorismo e Coordenação das Subprefeituras respectivamente - gerou uma corrida dos comerciantes por espaços na região.