
07 de novembro de 2019 | 19h14
SÃO PAULO - O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) condenou um jovem de 12 anos por estuprar e matar asfixiada a menina Raissa Eloá Capareli Dadona, de 9, no Parque Anhanguera, na zona norte da capital. O corpo da garota foi encontrado amarrado a uma árvore no dia 29 de setembro.
Segundo a decisão da 1ª Vara Especial da Infância e da Juventude de São Paulo, o adolescente deve ficar internado em uma unidade da Fundação Casa por prazo indeterminado. A sentença foi proferida na quarta-feira, 6.
O juiz acatou a representação do Ministério Público (MPE-SP), que acusou o jovem de estupro de vulnerável e de homicídio qualificado. Para a promotoria, Raíssa foi vítima de feminicídio, não teve chance de defesa e morreu por meio cruel (asfixia). A Justiça concordou, ainda, que o adolescente cometeu o assassinato para tentar esconder que havia abusado sexualmente dela.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o período máximo de internação é de três anos. A Justiça deve reavaliar a manutenção, no entanto, no máximo a cada seis meses.
No dia do crime, Raíssa participava de uma festa com outras crianças em um Centro Educacional Unificado (CEU) vizinho ao Parque Anhanguera. O adolescente também estava no local e teria se aproveitado da ausência da mãe da menina para levá-la a uma área afastada, a cerca de quatro quilômetros de distância do evento.
Segundo a promotoria, a menina tinha diagnóstico de autismo e confiava no garoto - os dois eram vizinhos e já se conheciam. Após conduzi-la a um local ermo, o adolescente teria a atacado de surpresa e praticado o estupro. Como Raíssa tentou recusar o ato sexual, o jovem passou a agredi-la com empurrões, chutes e golpes realizados com instrumentos contundentes, possivelmente galhos de árvores, afirma o MPE-SP.
Durante as agressões, o adolescente teria usado meias para tentar amarrar a vítima, sem sucesso. Depois, Raíssa teria sido arrastada pelos cabelos até uma árvore, onde foi amarrada pelo pescoço.
Laudo da Polícia Técnico-Cietífica apontou que Raissa sofreu ferimentos compatíveis com mordidas, arraste, estrangulamento e enforcamento. Ainda segundo o documento, houve lesões sexuais.
"O conjunto de vestígios descritos permite afirmar que a morte foi em decorrência de asfixia mecânica por obstrução de vias respiratórias, e as modalidades de constrição cervical e sufocação direta concorreram para o óbito", diz o laudo.
Após a morte da menina, o jovem abordou seguranças do Parque e mentiu dizendo ter visto uma garota ferida, afirma a promotoria. Ele confessou à Polícia Civil ser o autor do crime, entretanto, dois dias depois.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.