Júri do caso Bruno deve durar 15 dias

Defesa sustentará tese de que o assassinato de Eliza Samudio jamais ocorreu; 'A turma é toda mentirosa', rebate assistente de acusação

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Por MARCELO PORTELA e BELO HORIZONTE
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Após dois anos e cinco meses, o goleiro Bruno Fernandes, ainda contratado do Flamengo, começa a ser julgado hoje pelo sequestro, cárcere privado, assassinato e ocultação de cadáver de sua ex-amante Eliza Samudio, de 24 anos. A Promotoria estima um prazo de 15 dias - ou mesmo de três semanas - até que o júri tome sua decisão sobre o caso. A jovem, que teve um filho com o atleta, está desaparecida desde junho de 2010 e seu corpo nunca foi encontrado, o que levará a defesa a sustentar perante o júri popular em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, a tese de que o crime apontado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual (MPE) de Minas nunca ocorreu. Além de Bruno, seu ex-braço direito, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, será julgado pelos mesmos crimes do jogador e o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, responderá pelo assassinato e ocultação do cadáver de Elisa. Também estarão no salão do Tribunal do Júri do Fórum de Contagem a ex-mulher do goleiro, Dayane Rodrigues do Carmo, acusada do sequestro e cárcere privado, e outra amante de Bruno, Fernanda Gomes de Castro, que será julgada pelo sequestro e cárcere privado de Elisa e do bebê que a jovem teve com o jogador. "A turma é toda mentirosa e vou apontar o que fez e faz cada um durante o julgamento", disparou o advogado José Arteiro Cavalcante, contratado pela família de Elisa como assistente de acusação. O bebê, que exames de DNA confirmaram ser de Bruno e hoje está sob a guarda da avó materna, Sônia de Fátima Moura, em Mato Grosso do Sul, foi o que teria motivado o crime, segundo a Polícia Civil mineira. "Ele (Bruno) não queria reconhecer a paternidade", afirmou o delegado Edson Moreira, que coordenou as investigações. Bruno está preso na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde trabalha na faxina. O advogado dele, Rui Caldas Pimenta, afirma que tem pressa na realização do julgamento para, confiante na absolvição, tirar seu cliente do local. Ele foi um dos que tentou libertar Bruno antes do julgamento. Apenas no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) foram negados 64 pedidos de habeas corpus para os envolvidos no caso. Pimenta agora insiste na tese de que Elisa está viva e apresentou uma carta de um padrasto de Bruno, Luiz Henrique Franco Timóteo, que está preso por tráfico de drogas em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, e alegou ter conseguido por R$ 4 mil um passaporte falso com o nome de Olívia Guimarães Lima para que a jovem deixasse o País. "Ali não morreu ninguém. Os maiores peritos do País estiveram lá e não encontraram nada", disse, referindo-se à casa de Bola em Vespasiano, onde as investigações apontaram que teria ocorrido o assassinato. O promotor Henry Wagner Vasconcelos, que será responsável pela acusação no julgamento, descartou a hipótese e afirmou que a "senhora Eliza Samudio está morta". "Temos nos autos inúmeras provas que nos levam a essa percepção", disse. Apesar da pressa de Bruno, a defesa de Bola tentou adiar o início do julgamento, com a alegação de cerceamento de defesa por não ter tido acesso a cópias em áudio e vídeo de depoimentos de testemunhas. Mas o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido.

Futuro. Os advogados envolvidos no processo se mostram confiantes na absolvição dos acusados e Pimenta chegou a dizer que retomará negociações com um clube italiano (o Milan) que estaria interessado em contratar Bruno, quando foi preso.

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