Juiz prende mais um policial militar por chacina de Osasco

Cabo é o oitavo acusado pelo crime, que aconteceu em 13 de agosto e deixou 19 mortos e cinco feridos na região metropolitana

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Por Alexandre Hisayasu
Atualização:
Parentes de vítimas de chacina fazem ato ecumênico: crime serviu para vingar morte de PM e de guarda-civil Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

O juiz Dalton Abranches Safi, do Tribunal de Justiça Militar, decretou a prisão preventiva de um cabo da Polícia Militar acusado de participar da maior chacina da história do Estado, que deixou 19 mortos e 5 feridos, em Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, em 13 de agosto. Ele é o oitavo suspeito preso pela força-tarefa montada pela Secretaria da Segurança Pública para investigar o crime.

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O Estado apurou que os investigadores chegaram até o suspeito após cruzar os dados da quebra de sigilo telefônico dos outros cinco PMs e de um guarda-civil municipal que foram presos no começo do mês passado. Há indícios de que eles se comunicaram antes, durante e depois da série de assassinatos.

Um acordo de delação premiada – quando o acusado confessa os crimes e entrega os comparsas em troca de uma eventual redução de pena e outros benefícios – foi oferecido aos presos. Por enquanto, nenhum deles aceitou.

O policial, que não teve o nome revelado porque o caso está em segredo de Justiça, foi preso no sábado. Para a Corregedoria da PM, policiais que atuam em Osasco e guardas-civis de Barueri se uniram para vingar o assassinato de colegas: o soldado Avenilson Pereira de Oliveira e o guarda Jeferson Rodrigues da Silva, mortos em assaltos dias antes da chacina.

Segundo a força-tarefa, os suspeitos podem estar envolvidos em 23 assassinatos e sete tentativas de homicídio, todos registrados entre 8 e 13 de agosto. Os primeiros quatro homicídios teriam acontecido por causa da morte do PM. Depois do assassinato do guarda, vieram os crimes sem série.

Provas. Os investigadores garantem que têm um conjunto de provas que ligam todos os acusados à chacina. Nas casas dos suspeitos, foram apreendidas munições e armas compatíveis com aquelas encontradas nos locais dos assassinatos, além de toucas ninja, celulares e computadores – tudo para mostrar que PMs e guardas-civis se conheciam.

O primeiro policial preso durante a investigação foi o soldado Fabrício Emmanuel Eleutério, que atuou em Osasco e estava cumprindo serviços burocráticos nas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) quando foi preso, dias depois da chacina. Uma testemunha que sobreviveu ao ataque reconheceu o policial por foto e pessoalmente. O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, acompanhou o reconhecimento no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

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A advogada de Eleutério, Flávia Artilheiro, afirmou que seu cliente é inocente. Segundo ela, há provas – principalmente conversas pelo WhatsApp – que mostram que o policial estava em casa na hora dos crimes.

Os outros cinco PMs e o guarda-civil foram detidos, em 8 de outubro, durante uma megaoperação. Outros dois policiais também foram presos porque guardavam arma e munições irregulares em casa.

Organização criminosa. Em recente entrevista, o secretário da Segurança negou a existência de grupos criminosos dentro da PM. Segundo Moraes, “existem pessoas que matam”. Porém, um relatório da Corregedoria da PM sobre uma chacina ocorrida em Carapicuíba, na Grande São Paulo, em setembro, concluiu que existe uma organização criminosa montada dentro da corporação que vem praticando vários crimes na região. Quatro rapazes que trabalhavam como entregadores de pizza morreram e quatro PMs estão presos por suspeita de participação nesse crime.

O documento diz que “há elementos nestes autos que denotam unidade de desígnios dos militares em serviço com o militar do Estado de folga para a prática dos homicídios”.

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