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Jovem desmaia após ser estrangulado por PM na Grande São Paulo

Ação da polícia foi registrada em vídeo; governo João Doria (PSDB) informou que policiais foram afastados

Por Felipe Resk
Atualização:

Um jovem desmaiou após ser estrangulado durante uma abordagem da Polícia Militar em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Segundo a Secretaria da Segurança Pública ( SSP), os agentes envolvidos na ocorrência foram afastados.

Vídeo mostra ação de PM contra um jovem, que desmaiou após ser estrangulado durante uma abordagem da Polícia Militar. Foto: Reprodução

Dois vídeos que denunciaram a ação violenta dos policiais foram feitos por moradores e circularam em redes sociais nesse domingo, 21. Nas imagens, os PMs abordam dois rapazes: um fica parado próximo a um portão enquanto o outro é imobilizado por um agente. No primeiro vídeo, o jovem -- de camisa listrada, bermuda branca e chinelo -- está caído na rua, próximo à guia da calçada, enquanto o PM pressiona o joelho contra o seu peito. "O moleque está tendo convulsão, olha lá", diz a pessoa que grava as imagens.

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No segundo vídeo, o mesmo rapaz aparece de pé, sofrendo um mata-leão. O PM só desfaz a imobilização depois que o jovem desmaia. "Aqui é a polícia, meu. Tá achando que aqui é brincadeira?." A identidade do jovem não foi revelada. Segundo o secretário Executivo da Polícia Militar, o coronel Álvaro Camilo, os agentes foram afastados das ruas após o caso. "Estamos avaliando as imagens para ver se foram utilizadas técnicas de defesa pessoal", disse. "Os policiais estão afastados até para que a gente possa avaliar." O número de pessoas mortas em supostos confrontos com a PM atingiu patamar recorde em abril, o dado mais recente, já com a quarentena contra o coronavírus em vigor, conforme informou o Estadão. O mês registrou 116 mortes de suspeitos em alegados confrontos com a PM -- um aumento de 56%. Organizações civis também têm denunciado escalada de relatos de violência policial neste período. Em contrapartida, todos os indicadores de produtividade caíram no período. Na prática, isso significa que as polícias de São Paulo prenderam menos pessoas, tiraram menos armas ilegais das ruas e até registraram queda no número de ações contra o tráfico. "Para os representantes da SSP e da PM é apenas mais um 'caso isolado' de 'excessos', mas para as várias vítimas dos casos diários de abusos e torturas não são apenas excessos e casos isolados", disse o advogado Ariel de Castro Alves, conselheiro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe).  "Esses abusos se tornaram padrões de policiamento em bairros periféricos contra vítimas pobres. Bem diferente das atuações cordiais e educadas de PMs quando abordam pessoas de classes mais abastadas", critica ele. Gestão Doria promete novo treinamento para policiais

Após o caso, o governador João Doria (PSDB) anunciou nesta segunda-feira, 22, que a cúpula da PM vai passar por novo treinamento a partir de julho. "O retreinamento de todo o comando das nossas tropas é para evitar em 1% de maus policiais, que insistem em utilizar violência desnecessária, possa compreender que isso não é aceitável", afirmou.

O governador de São Paulo, João Doria, em coletiva no Palácio dos Bandeirantes Foto: Governo do Estado de São Paulo

Doria também voltou a dizer que a gestão seria "absolutamente contra qualquer excesso ou violência policial desnecessária." O programa vai se chamar Retreinamento, segundo o governador. Já o coronel Álvaro Camilo afirmou que a medida vai servir para relembrar do que aprenderam na escola de que se deve tratar as pessoas como gostariam de ser tratados". A ideia, segundo o secretário executivo da PM, é que, começando pela cúpula, o "reforço" chegue à ponta da linha. "Vamos treinar os próprios soldados e cabos que estão na viatura para que os excessos não aconteçam."

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