Jockey vai dar chácara e parcelar IPTU devido

Área será usada para abater a dívida de R$ 207 milhões com a Prefeitura

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Por Paulo Saldaña
Atualização:

O Jockey Club de São Paulo quer sair da lista dos maiores devedores do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) da cidade. Para dar fim à dívida que passa dos R$ 207 milhões, a direção da entidade já decidiu: vai aderir ao Programa de Parcelamento Incentivado (PPI) do Município, vender à cidade parte do terreno da Chácara do Ferreira, na Vila Sônia, zona oeste, e promover reformulações que o coloquem em outra lista: a de clubes classe AAA, disputados pela elite paulistana.O equilíbrio financeiro da entidade é o primeiro passo. A cartada da vez está sendo tocada pelo presidente, o empresário Eduardo da Rocha Azevedo, de 62 anos, no cargo há 4 meses. "Temos uma missão: vamos fazer do Jockey um clube no estilo dos mais disputados da capital. Vamos aderir ao PPI, está decidido."Com o acordo, a dívida pode cair para até R$ 80 milhões - com os descontos de multas e juros previstos no plano. O parcelamento pode se estender em até 120 meses. O prazo de adesão do PPI vai até o fim do mês que vem. O clube já aderiu em outras oportunidades a parcelamentos como esse, mas não conseguiu honrar as prestações. Dessa vez, isso está fora de cogitação."Estamos profissionalizando a gestão e vamos também abrir mão de parte do patrimônio do clube", diz Azevedo. Além do IPTU, o clube tem mais de R$ 121 milhões em outras dívidas, como imposto de renda.A utilização do terreno de 150 mil m² na Vila Sonia, conhecido como Chácara do Jockey, para amortecer os débitos é discutida há pelo menos 10 anos. Nos últimos tempos, o espaço passou a abrigar festivais de música. O interesse da Prefeitura é transformar a área em um parque municipal - uma parte ainda não definida permaneceria com o Jockey. Outra propriedade da entidade, de 348 mil m² em Campinas, também deve ser negociada. O clube. Os planos de atrair a elite paulistana para o Jockey vai por dois caminhos: potencializar os atrativos do clube social, ampliando a área exclusiva dos sócios, e criar um conceito de "clube de negócios". "A ideia é fazer com que empresas e empresários se reúnam, tornem-se sócias e haja espaços para encontros e eventos", diz Azevedo, que conta com a experiência de presidir por 8 anos a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).Já na parte social, os planos são de ampliação, respeitando o estilo das construções de mais de 100 anos do Jockey - o complexo de 620 mil m² na Cidade Jardim, zona sul de São Paulo, é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado (Condephaat).As alterações planejadas começam pelas arquibancadas nobres para as corridas de cavalos, que devem ser ampliadas e renovadas. O prédio hoje da fisioterapia, em estilo art déco, deve abrigar um spa moderno e de alto nível. Estão previstas ainda uma série de quadras de tênis e poliesportivas, além de três piscinas - hoje há uma piscina no local.Uma passagem subterrânea por baixo da pista de corrida dos cavalos faria a ligação com o grande gramado oval, que deve abrigar pistas de cooper e espelhos d"água. As obras não impediriam a realização de shows no local, uma das principais fontes atuais de renda - o clube já fechou a realização do festival Lollapalooza, no ano que vem. "Temos características únicas: uma pista de caminhada, em torno da área, com perímetro de 4 quilômetros", afirma Azevedo. O Jockey tem hoje 1.200 sócios pagantes e, apesar da gigantesca área, pretende ter no máximo 6 mil. Os títulos já passaram de R$ 5 mil para R$ 30 mil - só para os primeiros 200 interessados. Depois, haverá um mais um aumento.Todo o projeto deve sair do papel ainda neste ano. Mas o acesso vai continuar livre para os não sócios, tanto no grande gramado quanto para assistir às corridas de cavalos, nos fins de semana e nas noites de segunda-feira. A aposta mínima é de R$ 2. PONTOS-CHAVEPor ano, clube paga R$ 6 mi de Imposto PredialTradiçãoFundado em 1875, o Jockey Club de São Paulo inaugura sua sede na Cidade Jardim em 1941. As cobranças de Imposto Predial e Territorial Urbano datam de 1957DívidaA Prefeitura começa a cobrar dívida do IPTU em 2004. Cinco anos mais tarde, bens e receitas de eventos são penhorados pela Justiça por causa do débito 2011O presidente Eduardo da Rocha Azevedo, eleito em março, tem de administrar dívida de R$ 207 milhões de IPTU. Ao ano, o imposto é de R$ 6 mi

 

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