Jânio Quadros'desinfetou' a cadeira no dia da posse

FHC havia sentado na poltrona durante a campanha; hostilidade marcou a cerimônia e Mário Covas ouviu gritos de 'fora, biônico'

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Por CARLOS EDUARDO ENTINI e DO ARQUIVO
Atualização:

A formalidade durante a transmissão do cargo de prefeito de São Paulo foi quebrada em 1986 quando Jânio Quadros desinfetou a cadeira que iria ocupar pelos próximos três anos. Por mais que as campanhas eleitorais tenham sido quentes, as disputas e desavenças entre os candidatos costumam terminar no dia da votação e não transbordam para o dia da posse. Mas não foi assim na campanha de 1985. Incomodado por Fernando Henrique Cardoso, candidato do PMDB, ter posado para a imprensa sentado na cadeira do prefeito um dia antes da eleição (14 de novembro), o prefeito eleito, logo depois de ser empossado, foi até o seu novo gabinete com uma lata de inseticida e 'desinfetou' a cadeira, "gostaria que os senhores testemunhassem que estou desinfetando esta poltrona porque nádegas indevidas a usaram", declarou para todos os que estavam na sala. E completou, "porque o senhor Henrique Cardoso nunca teria o direito de sentar-se cá e o fez, de forma abusiva. Por isso desinfeto a poltrona". A cerimônia já havia começado hostil. Durante a transmissão do cargo, Mário Covas foi vaiado pelos correligionários de Jânio que formavam a maioria dos presentes na sede da prefeitura no Ibirapuera, que também gritavam "fora, biônico". Mário Covas foi o sétimo e último prefeito biônico.Eleição confusa. A primeira eleição para prefeito da capital depois de 20 anos de prefeitos indicados pelo governador foi acirrada e confusa. Fernando Henrique Cardoso e Jânio Quadros, do PTB, disputavam palmo a palmo a liderança nas pesquisas de intenção de voto que apontavam a vitória de Fernando Henrique por uma margem apertadíssima. A última pesquisa do Instituto Gallup mostrava empate, Fernando Henrique Cardoso com 38% e Jânio com 37,3% das intenções de voto . O resultado final registrou vitória de Jânio Quadros com a diferença de 3,3% /COLABOROU LIZ BATISTA

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