Itapetininga (SP) registra -3,3ºC e água congela na torneira

Cidades do interior registraram temperatura abaixo de zero e alteraram rotina dos moradores; até galinhas tiveram de ser resgatadas

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

ITAPETININGA – A dona de casa Tatiane Aparecida Gomes, de 21 anos, levou um susto quando abriu a torneira para fazer o café, às 6 horas da manhã desta segunda-feira, 13, em Itapetininga, sudoeste paulista. A água não jorrou porque estava congelada. Fazia 3,31 graus abaixo de zero na cidade, segundo o Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (Ciiagro) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a mais baixa temperatura desde que o serviço começou a funcionar na cidade, em 2007. 

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A madrugada foi a mais fria em muitos anos também em Barra do Turvo, no Vale do Ribeira, que não tem estação do Ciiagro, mas o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou 3,6 graus negativos. Em Manduri, também no sudoeste, o Ciiagro cravou 4,84 graus abaixo de zero nesta madrugada, um recorde. Nessa cidade, onde no domingo, 12, a temperatura já tinha chegado a -4,60, o frio superou o recorde histórico anterior, de -3,69 graus em 21 de julho de 2000, registrado também pelo Ciiagro.

No interior da casa de tábuas de Tatiane, no bairro Chapadinha, em Itapetininga, seu marido improvisou uma tenda de plástico para proteger do vento a mulher e os filhos Giovani, de 5 anos, e Cristiano, de 7 meses. Tatiane conta que o bairro fica na parte alta da cidade o vento entra cortante pelas mínimas frestas. “Não há cobertor que dê conta.” Seu vizinho, o bóia-fria Sebastião Pires, 55 anos, reativou o fogão de lenha improvisado num tambor metálico que, além de cozinhar o almoço, funciona como um aquecedor. “O bairro é alto e venta muito, por isso deixo o fogo aceso à noite.” A lavradora Ivanete Souza, 40 anos, também usa o fogão à lenha para preparar alimentos e se aquecer. 

Na cidade, as casas amanheceram com o telhado coberto de gelo, como se fossem de vidro. As pessoas saíram às ruas com mantas e capuzes. O engenheiro agrônomo Edegar Petisco conta que gramados, árvores e carros também tinham camadas de gelo. “Moro aqui desde 2002 e é a primeira vez que vejo geada no telhado, uma coisa totalmente atípica. Saí para caminhar às 7h30, com o sol já forte, e ainda tinha muito gelo.” O motorista Hélio Ventura, 53 anos, contou que saiu de casa às 5h20 para socorrer as galinhas no quintal. “Elas estavam congeladas, com uma neve fina nas penas, dava muita dó”, disse.

Na zona rural, a geada queimou as folhas de uma vasta plantação de abóbora cabotiã, na Fazenda Boa Vista. O administrador Amadeu Ribeiro da Silva, 54 anos, conta que 28 hectares da lavoura – área equivalente a 30 campos de futebol – foram perdidos. “O que mais entristece é que estávamos para iniciar a colheita e não dá para salvar nada.”

Ele estimou o prejuízo em pelo menos R$ 40 mil. Sua mulher, Fabiana da Silva, 37 anos, disse que o campo parecia coberto de neve. “Às 6h20 saí para levar minha filha na escola e a poça de água tinha congelado. As tábuas da porteira tinham dois centímetros de gelo”, contou.

Em outras quatro cidades da região sudoeste, a temperatura foi abaixo de zero. Segundo os registros do Ciiagro, que tem 100 estações climatológicas espalhadas pelo interior, em Paranapanema o frio chegou a -0,81, em Taquarituba a -0,76 e em Capão Bonito -0,28. Já o Inmet, ligado ao Ministério da Agricultura, registrou 2,2 graus negativos em São Miguel Arcanjo, na mesma região. O Instituto dispõe de 32 estações automáticas e 9 convencionais no Estado de São Paulo.

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