Irmã de menor morto por policiais diz que foi ameaçada

Junto com a mãe, jovem presta depoimento na polícia e faz o reconhecimento dos assassinos por meio de fotos

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Por Jair Aceituno
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A jovem D.R., irmã de Carlos Rodrigues Júnior, de 15 anos, morto na madrugada de sábado, 15, em razão de choques elétricos aplicados por policiais que o prendiam, disse que foi ameaçada. "Eles chegaram às 3 horas e foram embora às 4h11, levando o meu irmão daquele jeito e, durante todo esse tempo, eu e minha mãe ficamos na sala, impedidas de sair. Protestamos quando ouvimos gritos e gemidos, mas um dos policiais mandou-nos calar a boca e nos ameaçou", disse a jovem ao Estado. PMs torturaram jovem morto em Bauru, aponta laudo Na manhã desta terça-feira, D.R. e a mãe, E.S.R., prestaram depoimentos na Polícia Civil e fizeram o reconhecimento dos policiais por meio de fotografias. Inconformadas, ambas pedem "pena máxima" aos policiais agressores, justificando que a família delas já sofreu a perda, mas toda a sociedade continuará em risco se fatos como esse não forem exemplarmente punidos. D.R. duvida que a maconha que os policiais dizem ter encontrado no quarto seja do seu irmão. "Minha mãe limpou o quarto no dia anterior, e teria sentido o cheiro" - diz. Quanto à moto, diz que quando ela e sua mãe já estavam dormindo, um garoto, amigo do menor morto, teria pedido para guardá-la. "Nós estamos procurando saber quem é esse rapaz para esclarecer tudo" - disse. Segundo a jovem, mesmo com todo o dano, a ação dos policiais não chamou a atenção dos vizinhos pois nem ela, nem a mãe puderam pedir ajuda. A rua onde mora, de pequeno movimento, permanecia deserta e os vizinhos não falavam com estranhos sobre o caso, principalmente porque a polícia está procurando identificar os autores dos atos de vandalismo no bairro durante a manifestação pela morte do rapaz, ocorrida na noite do sábado. Policiais revistados O comando do 4.º Batalha de Polícia Militar proibiu nesta terça que policiais levem pertences pessoais nos carros policiais. Eles terão que deixar no quartel suas mochilas ou armas particulares, passar por revista a cargo de seus superiores para depois embarcarem no veículo de trabalho. Com isso pretende-se evitar casos como do menor e do mecânico Jorge Lourenço Filho, morto pela polícia em abril, em que policiais são acusados de forjar provas de confronto, colocando uma arma na mão do cadáver.

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