IPT quer que Infraero corrija dados de laudo sobre Congonhas

Diretor do IPT diz que o laudo não garante que local esteja em boas condições para pousos e decolagens

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Por Redação
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O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) solicitou à Infraero, nesta sexta-feira, 27, correção das informações divulgadas pela empresa em seu site e em nota oficial no dia seguinte ao acidente com o Airbus A320 da TAM. No comunicado, o IPT ressalta que não é de sua competência avaliar projetos de engenharia.   O diretor-presidente IPT, Vahan Agopyan, disse que o laudo parcial da instituição que apontou coeficiente de atrito da pista principal de Congonhas acima dos padrões de segurança não garante que local esteja em boas condições para pousos e decolagens. Segundo ele, o documento não trata de outros pontos importantes, como a drenagem, dimensão e geometria da obra.   Ele destacou ainda que o laudo, feito em 48 horas a pedido da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), é uma análise "pontual" de dados fornecidos pela estatal e atesta a regularidade do material usado na pista logo após sua entrega, na semana anterior à do acidente do Airbus da TAM e antes do início das chuvas.   "É essencial o material da pista ser bom, mas não o suficiente para dizer que a pista está boa ou não ou se, no momento do acidente, estava em condições", disse Agopyan.   O IPT, que assinou um contrato com a Infraero para auditar as obras, é um órgão ligado ao governo José Serra (PSDB). Os resultados parciais positivos sobre o atrito da pista foram anunciados com destaque pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta semana. Em sua página na internet, a Infraero, responsável pelas obras no aeroporto, noticiava na segunda-feira: "IPT avalia altamente satisfatórias (sic) condições da pista principal de Congonhas."   "Houve extrapolação das atividades do IPT. Nossa tarefa é muito pontual, nosso contrato fala em auditagem de forma aleatória, e não em avaliação contínua", disse Agopyan. Só a perícia da pista poderá concluir sobre as condições do local. Ainda de acordo com o diretor, o teste-padrão de atrito que a Infraero fez na semana anterior do acidente, acompanhado pelo IPT, simula um acúmulo de chuva de 1 milímetro.   O uso da pista dias depois, a chuva - ainda não havia chovido quando o teste foi realizado -, sujeiras e outros fatores podem ter alterado as condições de atrito, afirmou Agopyan. Questionada sobre as medições de atrito na semana do acidente, a Infraero informou que a pessoa responsável pelos dados estava numa reunião e não poderia falar com a reportagem.   (Colaboraram Camilla Rigi e Fabiane Leite, do Estadão)

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